Dez dias de 'Marrocos no Castelo dos Mouros'

De 6 a 15 de Setembro, numa parceria entre a Parques de Sintra e a Embaixada de Marrocos em Portugal, o Castelo dos Mouros, local simbólico do passado muçulmano em Portugal, estará ainda mais próximo da cultura marroquina, durante o evento “Marrocos no Castelo dos Mouros”. Esta semana de celebração, que incluirá música, gastronomia, artesanato, fotografia, tatuagens de hena e caligrafia árabe, tem como objetivo principal promover a cultura daquele país num dos locais mais apropriados para o efeito, dado o seu passado histórico, bem como o cenário e ambiente que o Castelo proporciona.

Os visitantes serão recebidos por um cenário marroquino, marcado pela presença de artesãos e artistas que viajam de Marrocos a convite da Embaixada, bem como pelos sons, cheiros e sabores inconfundíveis do país.

Em alguns dos dias do evento (sexta-feira dia 6, quarta-feira dia 11, sexta-feira dia 13 e sábado dia 14) o Castelo dos Mouros manterá as portas abertas à noite, com um buffet preparado por chefs marroquinos e concertos de música gnawa que prometem encher o local com sonoridades associadas àquele país.

Para todos os que pretendam descobrir a gastronomia marroquina, todos os dias será possível aceder ao buffet dedicado à cozinha marroquina e que inclui os obrigatórios tajines, pastilla e cigare, para além da apresentação da melhor doçaria nacional.

O programa inclui também show cookings, nos quais o chef marroquino prepara os pratos e explica o processo bem como os ingredientes selecionados. No dia 6 (17h30) contará com o chef convidado da Embaixada, M. Hassan Agouzoul, chef do Hotel Palmeraie, em Marrocos. Nos dias 13 e 14 (sexta e sábado às 17h30) o show cooking será conduzido pelo chef Al Houssine Anssis, cozinheiro oficial da Embaixada de Marrocos em Portugal, que já representou a gastronomia marroquina em missões diplomáticas nos quatro cantos do mundo.

 

O grupo musical Gnawa Al Baraka será um dos cabeça de cartaz, atuando todos os dias à tarde, e também à noite nos dias em que o Castelo encerra mais tarde. Este projeto é formado por músicos profissionais marroquinos especializados em músicas Gnawa e arabe, com composições tradicionais desde o Magreb até ao Egipto. A música gnawa consiste numa mistura de sonoridades do sub-Saara africano, berbere, árabe e canções religiosas. Combina música e dança acrobática, e as influências que a formaram podem ser atribuídas à África sub-saariana, especificamente ao Sahel, estando a sua prática concentrada no Norte de África, principalmente em Marrocos. À noite, terá também lugar outro concerto, com nome a confirmar.

 

A experiência da cultura de Marrocos não estaria completa sem a cerimónia do chá, as tatuagens de hena que qualquer visitante poderá fazer (símbolo de beleza que o Ocidente tem vindo a descobrir) e um atelier de caligrafia árabe, todos em presença contínua ao longo do evento.

Estará patente em permanência, na antiga Cisterna agora recuperada e aberta ao público, a exposição “Fantasia” do fotógrafo Mustapha Meskine (Grande Prémio da Sociedade National Geographic, 2008), inspirada no espetáculo equestre tradicional que simula ataques militares.

 

Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos em Portugal, acredita que este é um evento diferenciado, porque ‘consegue juntar tão adequadamente a História e o relacionamento entre os dois países, sem perder de vista a atual ligação cultural e comercial. A possibilidade de apresentar a cultura marroquina num local como o Castelo dos Mouros é excelente, providenciando um ambiente único para os nossos artesãos, músicos e cozinheiros darem a conhecer o que Marrocos tem de melhor.

De acordo com António Lamas, Presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, “O contexto histórico do Castelo dos Mouros é perfeito para dar a conhecer Marrocos e a sua cultura, permitindo-nos celebrar da melhor forma possível o projeto de requalificação do local.

 

A semana de “Marrocos no Castelo dos Mouros” é organizada pela Parques de Sintra e a Embaixada de Marrocos, em colaboração com o Turismo de Marrocos, a Agência para a Promoção e Desenvolvimento Económico e Social das províncias do Sul de Marrocos, a Agência do Oriental, A Agência para a Promoção e Desenvolvimento do Norte e o Grupo Palmeraie Golf Developpement.

 

Um bom motivo para redescobrir o revalorizado Castelo dos Mouros

A nova iluminação cénica das muralhas do Castelo é, à distância, o sinal mais visível da valorização global realizada pela Parques de Sintra ao monumento, traduzida num investimento superior a 3,2 milhões de Euros, cofinanciado pelo PIT, mas apenas um de muitos melhoramentos e restauros no local.

O projeto foi antecedido e acompanhado pela realização de escavações arqueológicas, em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, reveladoras de elementos surpreendentes como as mais de três dezenas de sepulturas medievais cristãs (com cerca de 2 a 3 enterramentos em cada), os vários alicerces de habitações muçulmanas e objetos do Neolítico (por exemplo, um vaso cerâmico completo do 5º milénio a.C).

Desde Junho que os visitantes acedem ao Castelo através de caminhos recuperados e iluminados, rodeados por um enquadramento paisagístico também revisto e acedendo às duas cinturas de muralha agora restauradas. Foram disponibilizadas novas cafetarias e esplanadas, nova loja e bilheteira, e mais recentemente reabriu a recuperada cisterna (alvo de um longo período de estudo, investigação e intervenção), que permite aos visitantes percorrer o seu interior através de um passadiço pousado no pavimento. Foi também aberta ao público a Casa do Guarda do Castelo, após recuperação e adaptação como cafetaria e esplanada, com vista panorâmica.

 

O Castelo dos Mouros é um dos monumentos mais visitados de Portugal e uma das principais atrações turísticas da Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1995, e que contou com cerca de 269.000 visitas em 2012, um número que tem aumentado todos os anos.

Foi aforado, em 1840, por D. Fernando de Saxe-Coburgo e Gotha (casado com a Rainha D. Maria II) e alvo de intervenções de recuperação segundo o conceito estético do romantismo. Cerca de um século mais tarde foi objeto de novas obras, enquadradas nas grandes reformas dos monumentos nacionais e manteve-se sem grandes alterações até aos dias de hoje.