Missionários estreiam no Cacém curso que ensina a perdoar

Os Missionários da Consolata iniciam no Cacém, Sintra, a partir de maio, um curso que consideram inédito na Europa e que “ensina a perdoar”, disse à agência Lusa o coordenador do programa a nível nacional.
“Portugal é o primeiro país da Europa a avançar com esta formação, que faz parte do projeto das Escolas de Perdão e Reconciliação [ESPERE] que está em 15 países da América Latina” e já conquistou um prémio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sublinhou o padre Albino Brás.
Em junho, a formação das ESPERE “vai avançar com uma primeira experiência no Líbano e na Líbia, onde é visível a urgência da mediação, estando já a ser feito um trabalho ao nível da tradução de materiais destinados ao mundo árabe”, informou o sacerdote.
O curso vista dotar os participantes de instrumentos que lhes permitam “trilhar caminhos para superar sentimentos de raiva, ódio e vingança”, explicou Albino Brás, salientando que as Escolas de Perdão e Reconciliação estão vocacionadas para “estabelecer pontes entre vítimas e agressores”.
A primeira apresentação do conceito em Portugal foi realizada em outubro do ano passado pelo fundador das ESPERE, o missionário colombiano Leonel Narváez, arrancando agora com dois módulos agendados para o segundo e terceiro fins de semana de maio, na Quinta do Castelo, no Cacém.
As inscrições estão abertas até 03 de maio e os módulos vão ser ministrados por duas especialistas em pedagogia e práticas do perdão e reconciliação.
Martina Garcia é doutorada em Ciência da Religião e Petronella Boonen é doutorada e mestra em Sociologia da Educação, com a tese sobre “Justiça Restaurativa”.
A 15 e 16 de maio, as duas formadoras participam em Fátima num simpósio sobre perdão e reconciliação no Seminário dos Missionários da Consolata.
“Queremos que quem participe no curso, desde educadores a pessoas que trabalham nas áreas sociais, descubram as potencialidades desta cultura do perdão e as saibam transmitir num mundo onde todas as ações em prol da paz e da não-violência são sempre bem-vindas”, sustentou o padre.
Albino Brás reforçou a ideia de que “perante a agressão e violência, o castigo e a justiça punitiva são respostas insuficientes” e que “só a proposta curativa do perdão e da reconciliação conduzem à justiça restaurativa”.
As Escolas de Perdão e Reconciliação foram criadas em 2000 pelo padre Leonel Narváez, a partir da sua experiência no acompanhamento de tribos africanas nómadas em conflito, no Quénia, bem como da sua experiência nos processos de negociação e mediação com guerrilheiros, na Colômbia.
Filósofo, teólogo e sociólogo, com pós-graduação na Universidade de Cambridge (Inglaterra) e de Harvard (Estados Unidos da América), Leonel Narváez é missionário da Consolata colombiana.
O Instituto dos Missionários da Consolata é uma congregação religiosa da Igreja Católica Apostólica Romana fundada em 29 de janeiro de 1901, em Turim, Itália.
Os Missionários da Consolata vieram para Portugal em 1943 e no serviço que realizam na Igreja Católica Portuguesa têm como prioridade o trabalho de animação missionária e vocacional e a formação dos candidatos nos seminários.