Movimento proTEJO lança petição contra poluição no rio e seus afluentes

O Movimento pelo Tejo (proTEJO) lançou hoje uma petição contra a poluição do Tejo e seus afluentes, estando a apelar às populações que assinem este documento para ser entregue na Assembleia da República.
   
Em declarações à agência Lusa, Paulo Constantino, porta-voz do proTEJO, disse que a petição tem como finalidade solicitar à Assembleia da República que "legisle e recomende ações ao Governo Português, para que este atue junto das instâncias europeias para terminar com uma contínua e crescente vaga de poluição no rio Tejo e seus afluentes, que mata os peixes e envenena o ambiente e as pessoas".
 
Além da petição, que contava com 70 assinaturas 'online' ao princípio da noite de hoje, o proTEJO vai solicitar uma audiência à Comissão Parlamentar do Ambiente, disse Paulo Constantino à Lusa, apontando para os três principais problemas que estão hoje a afetar o maior rio ibérico: "Poluição, a falta de caudais e a conetividade fluvial, com o Tejo minado de diques, travessões e obstáculos que impedem a normal circulação de espécies piscícolas e de embarcações".
 
Segundo o dirigente ambientalista, "nunca o rio Tejo e seus afluentes registaram tão elevado grau de poluição, de abandono e falta de respeito, por parte de uma minoria que tudo destrói, perante a complacência das autoridades", tendo atribuído a gravidade desta poluição das águas do rio Tejo aos "caudais cada vez mais reduzidos que afluem de Espanha", diminuindo a capacidade de depuração natural do rio Tejo.
 
A poluição, em território nacional, aponta Constantino, "provém da agricultura, indústria, nomeadamente, da pasta de papel e alimentar, suinicultura, águas residuais urbanas e outras descargas de efluentes não tratados", tendo destacado "inúmeras situaçãoes em desrespeito pelas leis em vigor, e sem a competente ação de vigilância, controlo e punição pelas autoridades responsáveis, valendo a ação de denúncia das organizações ecologistas e dos cidadãos, por diversas formas, nomeadamente, através das redes sociais e da comunicação social".
 
O dirigente do proTEJO observou ainda que "a catastrófica situação do rio Tejo e seus afluentes tem graves implicações na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para a saúde das pessoas e impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha para práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos", em respeito para com a natureza e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo.
 
"Não estão em causa as atividades realizadas por empresas e outras organizações na bacia hidrográfica do Tejo, o que se saúda e deseja, porém tal deve ocorrer de acordo com as práticas adequadas à salvaguarda do bem comum que o rio Tejo e seus afluentes constituem para os seus ecossistemas aquáticos e para as populações ribeirinhas", observou Paulo Constantino.
 
O Movimento pelo Tejo defende a rápida aplicação de cinco medidas para travar os problemas com que o rio Tejo hoje se confronta, tendo Constantino destacado "o cumprimento da Diretiva Quadro da Água, ou seja, a garantia de um bom estado ecológico das águas do Tejo, e o estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ecológicos, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos da Bacia Hidrológica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na Convenção de Albufeira".
 
O proTEJO defende ainda "uma ação rigorosa e consequente da fiscalização ambiental contra a poluição, crescente e contínua, que cada vez mais devasta o rio Tejo e os seus afluentes, a intervenção junto do governo espanhol com vista ao encerramento da Central Nuclear de Almaraz, eliminando a contaminação radiológica do rio Tejo e o risco de acidente nuclear, e, por fim, a realização de ações para restaurar o sistema fluvial natural e o seu ambiente, nomeadamente, a reposição da conetividade fluvial"