A maior catástrofe natural dos últimos 50 anos em Sintra

A “maior catástrofe natural dos últimos 50 anos” que atingiu Sintra no sábado derrubou milhares de árvores, impedindo os acessos aos monumentos da vila património mundial da Humanidade.

Dois dias depois do mau tempo, os turistas continuam a encher o centro da vila, mas poucos são os que se aventuram a subir a pé até ao Parque do Palácio da Pena, um percurso que demora quase cerca de hora e meia a completar.
No início das subidas estão grades e polícias a bloquearem o acesso de viaturas, enquanto ao longo do caminho são os ramos e os restos de árvores os principais obstáculos para as caminhadas num percurso íngreme e sinuoso.
Pelo percurso encontram-se centenas de árvores de grande porte arrancadas pela raiz, algumas delas com os troncos já cortados, muros destruídos, pedras de várias toneladas deslocadas e musgo pelas estradas, num cenário pouco habitual naquelas paragens.
Na zona do Chalet da Condessa d’ Edla somou-se outro edifício a necessitar de recuperação depois de uma árvore ter tombado sobre a casa do guarda, que serve atualmente de bilheteira.
Naquele local, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Fernando Seara, lamentava a "maior catástrofe natural nos últimos 50 anos" no concelho e a devastação provocada pelo vento numa paisagem que tem tentado proteger.
“O que me custa é o vento, a intempérie ter levado árvores, algumas delas centenárias, que nós preservámos dos incêndios”, disse.
A destruição de árvores e partes de casas é visível por toda a serra, com Fernando Seara a relatar que a zona das sequoias “está totalmente intransitável e sem condições de segurança”.
“Os cabos elétricos estão no chão e já tivemos um caso de um carro que pisou um cabo e ardeu”, informou o autarca, cuja maior preocupação é repor a segurança e a acessibilidade na zona.
Duzentos trabalhadores continuam no terreno a desobstruir os acessos ao Castelo dos Mouros e ao Palácio da Pena, que Fernando Seara prevê que reabram na terça-feira.
O som das motosserras utilizadas nos trabalhos de limpeza é ouvido entre o verde característico da zona, onde continuou a chover na manhã de hoje.
Na avaliação dos estragos esteve também o secretário de Estado das Florestas, Daniel Campelo, que se deslocou aos locais onde o impacto da intempérie é mais visível.
Os responsáveis da Protecção Civil municipal adiantaram que os trabalhos de remoção dos estragos provocados pelo mau tempo vão “demorar várias semanas”.