A Volta ao Tejo em 40 minutos com uma medalha de ouro no bolso

O baú de recordações de Mariana Lobato tem hoje mais uma memória marítima, vivida durante os 40 minutos que esteve a bordo do Spindrift, um dos trimarãs da “Route de Princes” que estes dias passeiam no Tejo.
Há aventuras que não se esquecem e Mariana Lobato tem várias para contar. Duas das mais emocionantes viveu-as no espaço de uma semana nos mares que separam a Coreia do Sul, onde se sagrou campeã mundial de match racing, e o rio Tejo, onde hoje se estreou na “Route de Princes”.
A estreia não foi totalmente o que a velejadora lisboeta gostava – à entrada do Spindrift oferecia a sua ajuda à tripulação que, não sabendo estar diante de uma medalhada, dispensou educadamente a sua colaboração -, mas a emoção de estar num dos gigantes que por estes dias dão cor ao Tejo foi por demais evidente.
“Foi uma experiência incrível, nunca tinha andado num barco tão rápido. Foi espetacular o modo como o barco acelera e o vento entra, parece que estamos a voar”, descreveu à Agência Lusa.
Velejadora desde os oito anos, Mariana Lobato passa quase todos os dias no mar há 17 anos e é a melhor companheira de viagem para dois estreantes que nada sabem de ventos e marés.
Entusiasmada, ia traduzindo as indicações dos tripulantes, todas elas dadas em francês, e partilhando os conhecimentos de uma verdadeira profissional na matéria.
“É giro ver uma equipa deste nível, o trabalho de equipa, como todos se movimentam a bordo, como fazem para caçar as velas e ajustar”, explicou a velejadora que integrou a equipa campeã mundial de match racing, que aprendeu “algumas coisas” com a visão “tão” próxima das rotinas do veleiro.
O gigante Spindrift, terceiro na primeira regata do dia, não assustou a atleta olímpica, mais habituada a rondar boias, ao lado da costa, do que às regatas oceânicas que esperam as tripulações desta Volta à Europa em veleiro.
Mariana Lobato esteve no Spindfrit com a destreza e a descontração com que está no seu barco, até porque hoje a sua tarefa foi “mais fácil” do que aquela que enfrentou há uma semana, quando venceu um campeonato do Mundo “muito trabalhoso”.
Com a medalha de ouro escondida no bolso do casaco impermeável, retirada apenas para uma foto com os simpáticos anfitriões – durante os 40 minutos que durou a regata no Tejo, nunca repararam nos forasteiros que tentavam tornar-se o mais invisíveis possível - a velejadora portuguesa não excluiu uma possível aventura nos trimarãs.
“Era engraçado, mas é preciso trabalhar muito, muito para lá chegar”, destacou.
A “Route de Princes” continua a navegar na costa lisboeta até 16 de junho, altura em que os trimarãs partem para a etapa Lisboa-Dublin, a segunda da sua “tournée” europeia.