AFID lança projecto contra a demência

Para responder ao aumento das demências entre a população idosa, a AFID lançou, recentemente, o projecto UNE - Unidade de Neuroestimulação, com o qual espera trazer benefícios não só aos seus utentes em lar de idosos e assistência ao domicílio, como também à comunidade em geral. Uma aposta inovadora que pretende demonstrar a sua sustentabilidade financeira e tornar-se um incentivo para instituições similares.
 
Aproveitar as estruturas de apoio social já existentes, acrescentando-lhes uma vertente na área da saúde com uma equipa e serviços vocacionados para intervir ao nível das demências, dentro e fora de portas. Esta é a fórmula com que a Fundação AFID – Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa com Deficiência pretende encontrar as sinergias indispensáveis para tornar sustentável o seu novo projecto para a população sénior. 
O UNE vai funcionar na Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) da AFID Geração, em Alfragide, e estará aberto ao exterior, acompanhando os utentes e as suas famílias, através de respostas de acolhimento durante o dia, alem de consultas e terapias especializadas. Com capacidade para 25 pessoas, este programa implicará o acréscimo do horário de funcionamento, que passará a estender-se desde as sete da manhã até às dez da noite (todos os dias, menos ao domingo e feriados). Desta forma, pretende-se ultrapassar as limitações inerentes ao convencional horário das 9 às 5, o qual condiciona bastante a vida profissional de quem presta apoio a pessoas idosas não autónomas.
O projecto partiu da constatação de que a problemática das demências afecta uma parte considerável dos 63 utentes da AFID em Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) e dos cerca de 150 abrangidos pelo Serviço de Atendimento ao Domicílio (SAD), com uma incidência diagnosticada de 45% e 30%, respectivamente. 
“Os lares de idosos e os SAD têm de lidar, cada vez mais, com a problemática da demência”, salienta ao Jornal da Região Juvenal Baltazar, director de Acção Social da Fundação AFID Diferença, prosseguindo: “Isto faz com que tenhamos de ter nas estruturas residenciais para idosos uma perspectiva mais inovadora porque já não basta aquilo que seriam as respostas tradicionais: nós precisamos, de facto, de ter aqui uma componente da saúde e de intervenção na área da reabilitação mais forte, conjugada com os serviços sociais”.
É para tentar fazer a ponte entre a vertente social, pré-existente, e uma nova vertente, de saúde, que surge o UNE. O projecto irá, pois, funcionar baseado numa equipa multidisciplinar que contará com psicólogos, assistentes sociais, médicos de clínica geral, neurologista, nutricionista, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, terapeuta da fala, animadores socioculturais e auxiliares. 
Em termos de instalações, decorrerá em espaços da resposta Lar de Idosos cuja utilização não estava a ser maximizada, incluindo uma sala que será dedicada especificamente às terapias de estimulação sensorial Snoezelen.
Para financiar esta nova abordagem, do lado da saúde, a Fundação AFID Diferença contou com o prémio BPI Seniores, atribuído no ano passado (um dos 27 premiados entre mais de 400 candidaturas), no valor de 50 mil euros. Deste total, 16 mil serão para a montagem da referida Sala Snoezelen e os restantes 36 mil custearão o funcionamento da equipa multidisciplinar que assegurará a intervenção junto dos idosos clinicamente diagnosticados com este tipo de doenças.
Neste momento, há já quatro pessoas acompanhadas no âmbito deste projecto, mas “muitas mais” estão inscritas e em processo de análise para poderem vir a completar as vagas previstas e que são destinadas à comunidade exterior.
“A nossa estimativa é que no final de Fevereiro teremos já os 25 lugares preenchidos e uma lista de espera”, diz Juvenal Baltazar, convicto de que a iniciativa trará “mais qualidade de vida para os idosos na comunidade e suas famílias, e de uma forma sustentável para a instituição” (ver caixa).
 
Jorge A. Ferreira