O município da Amadora reduziu para “zero” os casos de atropelamento junto às escolas, devido à presença nestes locais de idosos "patrulheiros" que ajudam a controlar o trânsito.
Desde o ano letivo de 1998/1999 que os "patrulheiros" ajudam as crianças e jovens a atravessar as estradas com maior segurança junto às escolas, graças a um projeto da Câmara da Amadora que conta com a colaboração da PSP.
Segundo a vice-presidente da Câmara, Carla Tavares, o projeto dos “patrulheiros” teve início com sete idosos mas, 15 anos depois, são já 32 os reformados que param o trânsito junto aos estabelecimentos escolares.
"Este projeto permitiu diminuir muito os atropelamentos junto da proximidade das escolas e dar também muita tranquilidade às famílias, principalmente na proximidade das escolas de primeiro ciclo. Almoçam nas escolas, conhecem os meninos, as famílias, conhecem os seus problemas. Criaram uma ligação com a comunidade educativa em que são os avozinhos das escolas", disse a vice-presidente do município.
Segundo Carla Tavares, este projeto foi lançado há 15 anos, depois de um acidente junto a uma escola ter provocado a morte a três pessoas, numa altura em que "havia muitos atropelamentos".
De há dois anos para cá, no município não houve qualquer atropelamento junto de estabelecimentos de ensino, adiantou.
Aos 73 anos, Carlos Oliveira é um dos idosos que encontrou neste projeto uma maneira de aumentar o orçamento familiar, uma vez que o município lhe paga cerca de 200 euros mensais para vestir uma farda e para, de raquete na mão, controlar a circulação de trânsito.
"Um patrulheiro está nas passadeiras a controlar os familiares que trazem as crianças. Damos sinal para pararem os automóveis e, com o trânsito parado, vamos buscar a criança a um lado e trazemos para o outro. E com pessoas de idade que estão em dificuldade, também dou uma ajuda a atravessar a estrada", disse o “patrulheiro” à agência Lusa.
Este idoso, que todos os dias está junto a uma escola em Alfragide, orgulha-se de "nunca ter deixado ninguém ser atropelado" e de ter "evitado um ou outro assalto".
Custódio dos Santos, 61 anos, está há vários anos junto à Escola Básica das Águas Livres, na Damaia, sempre "pronto" a ajudar qualquer pessoa, desde crianças a idosos que pretendam atravessar a estrada.
Este reformado alerta sempre os condutores a respeitarem as estradas, a estarem atentos "às curvas e às passadeiras e a respeitarem os sinais de trânsito" e por vezes também se "chateia" com um ou outro automobilista.
"Por vezes, tenho situações de algumas pessoas em que tenho que levantar a raquete porque ignoram o meu serviço. Há um determinado número de pessoas que não quer saber se é curva, se é passadeira, se é semáforo, ou se é um sinal luminoso. Ignoram completamente", afirmou.
Presente na cerimónia que deu início ao período de atividade destes “patrulheiros” este ano, o comandante da divisão da Amadora da PSP, Luís Pedre, disse à agência Lusa que este é um projeto "bastante importante" para a polícia, uma vez que estes “patrulheiros” são "grandes colaboradores" da Escola Segura.
"A PSP tem o seu trabalho e a sua missão ao nível do acompanhamento dos alunos e vê nestes patrulheiros uma forma de estender o que são os níveis de segurança por parte dos alunos. Para nós são pessoas que, pela sua experiência de vida, podem trazer muito e que acabam por dar o seu contributo no envolvimento comunitário", disse.
Este projeto do município da Amadora contempla ainda mais 20 “patrulheiros” nos parques e jardins do concelho e, no futuro, terá mais colaboradores destacados para uma nova iniciativa da Câmara, uma horta comunitária municipal com 80 talhões que vai nascer na Falagueira