Um estudo pedido pela Câmara de Sintra, sobre a presença de amianto em 30 escolas do ensino básico, conclui que as fibras no ar estão abaixo do limite de exposição a este material perigoso para a saúde.
De acordo com um relatório do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), a que a Lusa teve acesso, todos os resultados das amostras analisadas “se encontram abaixo do valor limite de exposição a fibras de amianto, não indiciando risco para a saúde dos utilizadores dos espaços avaliados”.
O vice-presidente da câmara, Rui Pereira (PS), considerou que, perante o resultado do estudo às coberturas em fibrocimento, “é recomendado para não se mexer e se fazerem medições regulares, para monitorizar que os materiais não se degradam”.
O relatório do ISQ, com base nos resultados de um laboratório americano, recomendou que seja feita “a avaliação periódica de fibras de amianto no ar”.
A monitorização “permite a perceção do início da desagregação de fibras do material das coberturas devido à sua degradação e, consoante os resultados obtidos, tomar decisões acerca da possibilidade de remoção dos materiais”, lê-se no documento.
“Deve reavaliar-se a concentração de fibras no ar anualmente”, sugeriu o ISQ, salientando que a eventual remoção de coberturas deve realizar-se ao abrigo da legislação contra o risco de exposição ao amianto.
Os resultados das análises do ar em 30 escolas do ensino básico, levando em conta o valor limite de exposição de 0,1 fibra por centímetro cúbico (f/cm3), apuraram concentrações inferiores a 0,005 f/cm3 em sala de aula e no exterior dos estabelecimentos de Galamares, Lopas, Linhó, Rinchoa (nº1 e nº2), Mem Martins (Messa e nº2), Serra da Silveira, Serra das Minas (nº1) e Pendão.
O valor inferior ao limite de qualificação do método (menor que 0,005 f/cm3) também foi obtido no exterior da EB1/JI António Torrado (Agualva), mas na sala de aula registou-se 0,01 f/cm3.
No exterior das escolas da Idanha (Belas nº2) e de Manique de Cima contabilizou-se, respetivamente, 0,009 e 0,006 f/cm3, e 0,006 na biblioteca e menos de 0,005 numa sala de aula.
Nas restantes escolas, com menos de 0,005 no exterior, os dados variaram no interior da Várzea de Sintra (0,009 numa sala de aula), Portela de Sintra (0,008), Francos (0,009), Massamá nº2 (0,006), Lourel (0,013), JI Massamá nº1 (0,008), Casal da Barota (0,008 na biblioteca) e Ouressa (0,017 no refeitório).
Em 29 destas escolas confirmou-se a presença de amianto em amostras de fibrocimento, algumas com crisótilo, outras com esta substância e crocidolito, numa proporção que varia até 20%.
O amianto foi um elemento natural usado na construção, em telhas de fibrocimento e revestimentos térmicos e acústicos, até se confirmar a associação a patologias cancerígenas.
“Os resultados das análises vão ser afixados em cada escola para que as pessoas tenham conhecimento de que a situação está controlada”, afirmou Rui Pereira.
O estudo do ISQ custou 16 mil euros e vai servir como base para análises anuais, explicou o autarca, acrescentando que as coberturas serão substituídas perante degradação evidente ou durante a reparação de infiltrações.
O Governo divulgou em julho uma lista de edifícios públicos que podem ter amianto, com duas dezenas de escolas em Sintra, do ensino básico e secundário.
O vice-presidente apontou a necessidade de recuperação do parque escolar e estimou em 5,5 milhões de euros o investimento nos próximos três anos na manutenção e construção de novas escolas.