Ampliarte vai voltar ao Centro de Convívio do Bairro dos Navegadores

Estão previstos seis meses e uma verba de 15 mil euros para a intervenção social e cultural.
A Companhia de Actores, através do seu projecto de intervenção social e artística “Ampliarte”, vai voltar em breve ao Bairro dos Navegadores, Porto Salvo, onde o seu trabalho deixou muitas marcas positivas entre a população local. O Centro de Convívio, que era usado pelo grupo liderado por António Terra, tem estado quase sempre fechado desde que o colectivo suspendeu as actividades, em Junho passado. A Companhia de Actores entrou naquele bairro no início de 2011, na sequência de um desafio que lhe foi lançado pela Câmara de Oeiras (após o trabalho antes desenvolvido na Outurela) e tendo por base uma verba de cerca de 30 mil euros disponibilizada por uma empresa privada do programa “Oeiras Solidária”.
Ao longo do ano de vigência do plano de intervenção nos Navegadores, o grupo de teatro e associação cultural desenvolveu um vasto conjunto de actividades não só junto das crianças e jovens mais necessitadas de apoio do bairro, mas também com os adultos, num conceito mais global de intervenção comunitária. Um trajecto “muito válido e de grande impacto” que os responsáveis da Companhia de Actores agora se regozijam por poderem retomar.
Segundo esclarecimento prestado pela vereadora da Acção Social e Cultura, Elisabete Oliveira, a Câmara aprovou, já em 27 de Junho, uma “atribuição financeira para o prosseguimento das actividades” da Companhia de Actores, “as quais só poderão ser retomadas assim que se concretize a sua transferência para a entidade em questão”. Este tem sido o único, mas decisivo, entrave à retoma da intervenção social e artística do “Ampliarte”.
Todavia, segundo o JR apurou, foi assinado, na semana passada, um protocolo no âmbito deste processo. E para esta quarta-feira estava agendada uma reunião entre a vereadora da Acção Social e Cultura e os responsáveis do grupo.
António Terra está confiante de que a situação poderá ser resolvida até ao final de Novembro, certamente a tempo de aproveitar o Natal para melhor assinalar o regresso do programa de intervenção social e cultural àquele bairro. “Estamos muito motivados e prontos”, salienta o líder da associação cultural, embora, ao mesmo tempo, não esconda algumas preocupações. “No terreno não é nada fácil retomar um trabalho que foi interrompido. A comunidade vê chegar e questiona se não vamos ali ganhar o nosso salário para ir embora logo a seguir, mais uma vez”. Daí que faça um apelo à Câmara para que o “Ampliarte” possa ter um horizonte mais duradouro do que um só semestre – que é o período previsto, para já, para esta intervenção no Bairro dos Navegadores, no valor de 15 mil euros.
“O que seria, naturalmente, sempre sujeito a um sistema de avaliação do nosso trabalho por parte da Câmara”, conclui António Terra.
Durante o tempo que esteve no Bairro dos Navegadores, o “Ampliarte” promoveu um vasto programa de actividades “que não visam o assistencialismo ou a ocupação de tempos livres, mas sim promover competências pessoais e profissionais e a dignidade humana de cada um e da comunidade como um todo”, frisa António Terra.
Daí a diversidade de acções realizadas: aulas de teatro e de dança, cursos de electricista e de empreendedorismo, atendimento jurídico e psicológico, a integração de pessoas a cumprirem penas de serviço à comunidade em pequenos negócios (engomadoria, por exemplo) ou na manutenção de jardins de escolas, cinema ao ar livre, a participação de jovens no espectáculo da cantora cabo-verdiana Lura no CCB, entre muitas outras. Iniciativas que seriam alvo da atenção das televisões em algumas ocasiões e que transformaram o "Ampliarte" num caso de estudo em universidades...