Ana Laíns actua em Sintra nas celebrações dos 800 anos da Língua Portuguesa

A cantora Ana Laíns, embaixadora das celebrações dos 800 anos da Língua Portuguesa, defendeu, em declarações à Lusa, que “está na hora de olharmos o futuro e tirarmos o melhor partido desta Língua que temos em comum”.

Ana Laíns atua na sexta-feira, às 22:00, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, celebrando os 800 anos da Língua Portuguesa, num concerto que é ponto de partida de uma prevista digressão a cumprir até 10 de junho de 2015, data do encerramento oficial das comemorações.

“A ideia é atuar também nos países de Língua Oficial Portuguesa, da diáspora e dos países amigos do Português, em que, além de mim, em cada um desses países atuará um artista ou músico local”, adiantou a cantora.

“Somos mais de 200 milhões de falantes de português e, fundamentalmente, devemos ter um espírito de partilha e congregação, pois temos uma grande potencial cultural, económico e social se nos mantivermos juntos”, argumentou.

A criadora de “Negra” definiu o espetáculo em Sintra como “uma viagem com os poetas lusófonos por companhia”.

Ana Laíns afirmou à Lusa que, além das canções do seu repertório, irá interpretar temas do cancioneiro tradicional português, do qual já gravou “Pera madura”, entre outros, e de poetas que não canta habitualmente, nomeadamente do Brasil, Angola e de outros países onde se fala Português.

“No palco do Olga Cadaval proponho uma viagem com os poetas lusófonos por companhia”, rematou a intérprete.

Ana Laíns é acompanhada pelos músicos Paulo Loureiro, no piano, clarinete e no baixo, João Coelho, na percussão, Sandro Costa, na guitarra portuguesa, Miguel Veras, na viola, e Carlos Lopes, no acordeão.

Ana Laíns defendeu que “a Língua Portuguesa deve ser um fator de convergência e não de divergências”.

Para a criadora de “O fado que me traga”, esta celebração dos 800 da Língua do Portuguesa surge “numa altura em que é muito importante revigorarmos o nosso espírito patriótico e o respeito e a compreensão para com a nossa História”.

Ana Laíns está também a celebrar os 15 anos de carreira artística. Em 2000 apresentou o seu álbum de estreia, “Sentidos”, no qual gravou composições para poemas de Florbela Espanca, Lídia Oliveira e António Ramos Rosa, entre outros.

A revista Songlines salientou o "exercício" da cantora no domínio da "canção contemporânea" e descreveu o álbum como "absolutamente contemporâneo, sem dúvida um grande e promissor começo". Para esta revista britânica, "Sentidos" foi um sinal da "pujança da cena musical portuguesa".

Em 2009, Ana Laíns gravou com o cantor britânico Boy George “Amazing grace”, um tema “pop dançante”, como na ocasião explicou a cantora à Lusa. Boy George, fundador da banda Culture Club, referiu-se à voz de Ana Laíns como “sublime”.

Em fevereiro de 2010, Laíns publicou o álbum “Quatro Caminhos”, em que gravou composições de Amélia Muge, José Manuel David, Filipe Raposo e Diogo Clemente, que foi também produtor e diretor musical, tendo escolhido poemas de Natália Correia, Rúben Darío e Carlos Drummond de Andrade. A imprensa holandesa nomeou “Quatro Caminhos” um dos dez melhores álbuns de “world music” de 2011.

No terceiro álbum, "Vida", a cantora estreou-se como letrista com o tema "Não sou nascida do Fado". O CD é produzido por Diogo Clemente, que assina ainda os arranjos musicais.

Em 2015 tem previsto editar um novo álbum “que se encaminha ainda mais, para este universo da lusofonia”, adiantou à Lusa.

A efeméride dos 800 anos da Língua Portuguesa "toma por referência o segundo testamento de D. Afonso II, que remonta 27 de junho de 1214", disse à Lusa fonte da comissão das celebrações.

"Existem dois exemplares deste testamento, a cópia que foi enviada ao arcebispo de Braga e aquela que foi enviada ao arcebispo de Santiago", acrescentou a mesma fonte.