O Gabinete de Apoio à Vítima ajudou 558 pessoas em 2014, no distrito de Setúbal, a maioria delas vítimas de violência doméstica, revela o relatório anual da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
Além de ter dado apoio jurídico a 361 vítimas, apoio social a mais 94 e apoio emocional em 386 casos, a APAV disponibilizou informação sobre outras instituições às vítimas que pediram ajuda, ou que, de alguma forma, foram encaminhadas para a associação.
De entre os 1.487 crimes registados pela APAV no ano passado, há uma predominância de crimes de violência doméstica (1.319), incluindo um crime de homicídio na forma tentada, sendo certo que houve outros crimes de homicídio consumados na região de Setúbal, mas em que não houve intervenção da associação.
Ainda no que respeita ao tipo de crimes de violência doméstica registados em 2014, verifica-se, segundo a APAV, um grande número de casos de maus tratos psíquicos (480), bem como de maus tratos físicos (297) e de ameaça ou coação (294).
Nos casos reportados à APAV, é também frequente haver uma relação parental entre o agressor e as vítimas, que são muitas vezes os cônjuges (27,4%) ou ex-cônjuges (6,5%), companheiros/as (15,2%) ou ex-companheiros/as (13,8%) e os próprios filhos do agressor/a (12%).
Dos 578 autores dos crimes, 87,7% eram do sexo masculino, a maioria dos quais (40,9%) com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos.
No que respeita ao perfil das vítimas, 85,7% eram do sexo feminino, de idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos (35,3%).
O relatório da APAV sobre o distrito de Setúbal refere ainda que os utentes vítimas de crime que usufruíram dos serviços da associação eram maioritariamente pessoas casadas (31,4%) ou pessoas solteiras (24,7%) e pertenciam, sobretudo, a um tipo de família nuclear com filhos em 37,5% dos casos.
Além dos casos referidos pela APAV, há muitos outros em que não é requerida a intervenção da associação, a exemplo do que já se verificou nos primeiros meses de 2015.
Até ao momento, segundo a associação, são já conhecidos dois casos de homicídio consumado de duas mulheres, que ocorreram no distrito de Setúbal, em situações tipificadas como violência doméstica, mas em que não houve qualquer intervenção da APAV.