A assembleia municipal de Cascais aprovou na segunda-feira alterações ao regulamento do estacionamento pago no concelho, depois de vários munícipes terem contestado o alrgamento das zonas de cobrança.
Antes de os deputados discutirem a ordem de trabalhos da assembleia municipal, na qual já se previa a votação das alterações do regulamento geral das zonas de estacionamento controlado em Cascais, decorreu o período de intervenção do público, marcado por várias críticas à proposta.
Sara Lemos foi a primeira munícipe a intervir e disse representar os 4.000 assinantes de uma petição contra o estacionamento pago no concelho e acusou a autarquia de não proporcionar alternativas gratuitas e de agravar dificuldades de mobilidade.
"Somos contra novas regras de estacionamento. Com este regulamento, só os cofres da Cascais Próxima [empresa municipal que gere o estacionamento] ficam beneficiados. Os cascalenses estão revoltados e não aceitam esta situação", sustentou.
Também outro munícipe, que disse ser representante dos trabalhadores do Casino do Estoril, criticou a medida de estacionamento, afirmando que irá prejudicar os funcionários que não terão alternativa de transporte.
O vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, disse que "haver transportes gratuitos é impossível e não é sustentável" e lembrou os munícipes que o regulamento de estacionamento "não é cristalino e intocável", admitindo ajustes.
"Não temos uma postura masoquista, de impor danos aos munícipes, não queremos penalizar os munícipes. O que tentamos é encontrar soluções. Nós também recebemos diariamente reclamações de cidadãos proprietários de casas que não conseguem estacionar os seus carros. Quem reside em Cascais não paga, têm direito a requisitar um dístico", defendeu.
O autarca sublinhou ainda que Almada e Loures, concelhos mais pequenos do que Cascais, têm mais lugares de estacionamento pago e com tarifas mais elevadas.
Na discussão das alterações, o PS manifestou-se contra as propostas do executivo considerando-as "insuficientes". Tal como os socialistas, também o PCP e o Bloco de Esquerda votaram contra as alterações e o movimento independente SerCascais absteve-se.
Os grupos municipais do PSD e do CDS-PP sublinharam que o debate não deve ser centrado no regulamento porque ele já existe há um ano e que as alterações propostas são de "desagravamento".
As alterações propostas surgem depois de se ter cumprido um ano da instalação de novos parquímetros junto às praias do concelho que, na altura, motivaram vários protestos dos concessionários e banhistas.
As tarifas nesses parquímetros serão alteradas no período de inverno, deixando de existir uma tarifa obrigatória diária no valor de um euro e as duas primeiras horas serão gratuitas, para benefício dos surfistas.
Além disso, o estacionamento será ainda gratuito em alguns bairros residenciais e será criada uma avença mensal para os munícipes, no valor de 15 euros, que permitirá estacionar em todo o concelho, com exceção das zonas vermelhas.