A Assembleia Municipal de Cascais aprovou ontem à noite, por unanimidade, a proposta apresentada pela Câmara, que defende a manutenção de todas as freguesias do concelho, num debate aceso e que chegou a ser interrompido.
Na proposta, o executivo, de maioria PSD/CDS, sugere que seja "apenas, e só, possível a pronúncia pela manutenção das seis freguesias existentes - Alcabideche, Carcavelos, Cascais, Estoril, Parede e São Domingos de Rana".
O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, reforçou essa posição, defendendo que as características do concelho tornam a lei inaplicável em Cascais.
As 26 mil pessoas que constam dos movimentos pendulares no concelho, o 1,1 milhões de dormidas de turistas, a juntar aos 1,1 milhões de habitantes residentes, fazem de Cascais um concelho, cuja fusão de freguesias seria "impensável", argumentou.
"Qualquer agregação de freguesias iria ultrapassar largamente os 50 mil habitantes, que é o que a lei defende", sustentou o autarca.
Também o PS, CDU e Bloco de Esquerda (BE) se mostraram favoráveis à proposta de manutenção de todas as seis freguesias, votando favoravelmente a proposta do executivo.
Contudo, apesar da unanimidade, a discussão sobre a reorganização administrativa foi acesa, com troca de acusações entre deputados do PS e do PSD, o que obrigou, inclusivamente, o presidente da Assembleia Municipal, António Pires de Lima, a suspender a sessão, gerando ainda a contestação dos munícipes presentes.
O PS e o BE acusaram o executivo de ter feito aprovar nas Assembleias de Freguesia uma proposta para reduzir as freguesias do concelho para cinco, com a fusão de Carcavelos com Parede e só depois ter recuado na sua posição.
A advertência não agradou aos sociais-democratas, que saíram em defesa do executivo, afirmando que manter todas as freguesias sempre foi a sua intenção.
Também no início da Assembleia Municipal de hoje, um grupo de munícipes que dizem constituir o movimento Plataforma pela Defesa de Freguesias, ergueu uma faixa com uma mensagem contra a redução de freguesias e entregou um abaixo-assinado com 2300 assinaturas.
"Não estamos contra o presidente, nem contra o executivo. Estamos todos a remar para o mesmo lado, mas queremos fazer-nos ouvir e mostrar que estamos nesta luta e que não vamos desistir até termos a certeza que serão mantidas todas as freguesias", afirmou à Lusa Dias da Silva, do movimento.