Associação de Oeiras lança campanha para pagar ações contra construção no Jamor

A associação "Vamos Salvar o Jamor" lançou uma campanha de financiamento coletivo, conhecida por ‘crowdfunding', para pagar as ações judiciais contra a Câmara de Oeiras e promotores de um projeto de construção previsto para o local.
 
A iniciativa "Vamos Salvar o Jamor. Betão aqui Não!" arrancou na segunda-feira à noite e já conseguiu 189 euros, sendo que o objetivo é conseguir 6.000 euros em dois meses.
 
"Acredito que vamos conseguir o dinheiro necessário, porque temos muitos apoiantes, e estamos confiantes de que vamos conseguir inviabilizar o projeto porque os pressupostos são ilegais", disse à Lusa o representante da associação, Carlos Branco.
 
"O dinheiro que pedimos destina-se a ajudar-nos a financiar parte das ações judiciais para impedir a destruição do Vale do Jamor e da orla ribeirinha do concelho de Oeiras. Queremos pôr a Câmara de Oeiras e todos os responsáveis por estes projetos em tribunal e impedir que destruam a orla costeira de Caxias à Cruz Quebrada e o Vale do Jamor", justifica a associação.
 
Assim que conseguirem o dinheiro, lê-se, será imediatamente contratado um advogado especialista em causas ambientais e ordenamento do território.
 
Apresentado em abril, o Projeto Porto Cruz, na margem direita do Rio Jamor, prevê a demolição da antiga fábrica Lusalite, que suscitou várias denúncias pela acumulação de amianto, a construção de uma marina e de uma estação ferroviária, bem como áreas de comércio e habitação.
 
Além disso, irá implicar o desnivelamento da linha férrea e o desnivelamento da Avenida Marginal, permitindo uma ligação pedonal do Jamor até à zona ribeirinha.
 
De acordo com a associação, o projeto "ameaça destruir para sempre a tranquilidade do Vale do Jamor e agravar o risco de cheias na Cruz Quebrada, para além de implicar a destruição da praia da Cruz Quebrada e das praias de Caxias".
 
O plano, segundo a associação, prevê a construção de um "mega empreendimento" no Vale do Jamor, mesmo em cima do rio, com oito edifícios, dos quais cinco torres que vão até 20 andares, uma marina, centros comerciais, estradas, viadutos e "gigantescos" parques de estacionamento.
 
"Se este projeto for para a frente não vamos ver o rio e dificilmente conseguiremos lá chegar. Toda esta imensa construção vai dificultar o escoamento da água em caso de cheias e o risco de inundações em toda a zona baixa da Cruz Quebrada e do Dafundo será muitíssimo agravado", acusam.
 
O grupo "Vamos Salvar o Jamor" já tem 150 associados e, segundo Carlos Branco, 1.500 pessoas já assinaram a petição pública para impedir o projeto.