Autarcas apelam à intervenção urgente do Governo para financiamento da Tratolixo

 

Os presidentes das câmaras de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra apelaram hoje a uma “intervenção urgente do Governo” para ajudar a resolver os problemas de financiamento da empresa de tratamento de resíduos Tratolixo.
“A situação é muito grave e exige uma resposta urgente do Governo e das Águas de Portugal. Já tivemos várias reuniões com eles [Governo e Águas de Portugal], mas até agora ainda não deram resposta”, explicou em conferência de imprensa o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara.
A Tratolixo, que é responsável pelo tratamento dos resíduos sólidos dos concelhos de Sintra, Oeiras, Cascais e Mafra, tinha anunciado na quinta-feira que o financiamento da central de produção de biogás da empresa tinha sido suspenso devido à “incapacidade de negociar com as entidades bancárias”. 
O contrato de financiamento desta segunda unidade da Tratolixo, na Abrunheira, Mafra, foi assinado em 2005 e a construção iniciada em 2009.
No entanto, em abril de 2011 as entidades bancárias deixaram de financiar as obras por incumprimento da Tratolixo.
O autarca referiu que as quatro câmaras estão dispostas a “assumir as suas responsabilidades”, mas que espera uma igual resposta do Governo.
“Basta que o Governo perceba que isto tem de ser um projeto global. Os nossos munícipes não têm de pagar uma taxa maior de que o de outros municípios por um serviço semelhante”, sublinhou. 
Em declarações à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da Tratolixo, Domingos Saraiva, explicou que a central da Abrunheira estava praticamente pronta, faltando apenas a construção das unidades periféricas, nomeadamente de um aterro e de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais(ETAR), no valor de 20 milhões de euros.
“A não conclusão desta obra põe em causa o serviço público e a saúde pública. Não ter uma ETAR implica gastar sete milhões de euros anualmente, que é uma alternativa muito onerosa”, argumentou.
O responsável da Tratolixo referiu mesmo que a empresa está “numa situação limite e com muitas dívidas”.
“Já tivemos de fazer uma redução drástica daquilo que não era tão necessário para o funcionamento da empresa. Atualmente estamos a fazer um grande esforço para conseguir garantir os serviços. Estamos mesmo numa situação limite”, vincou.
Domingos Saraiva referiu ainda que o impasse gerado na construção da central já originou que a empresa perdesse cerca de 8 milhões de euros de fundos comunitários.
A Central de Digestão Anaeróbica da Abrunheira, em Mafra, foi inaugurada em julho do ano passado, num investimento de 100 milhões de euros, e deveria estar já a funcionar em pleno, mas que, por falta de financiamento, esse processo está atrasado.
O investimento foi aplicado na construção de uma estação de tratamento de águas residuais e numa central de digestão anaeróbia, solução técnica que permite reaproveitar os resíduos para produzir energia renovável e composto agrícola e recuperar materiais recicláveis na fase do pré-tratamento.