O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, disse hoje que a introdução de novas portagens no concelho seria "lesiva para a harmonia social e económica" e iria representar uma "regressão da mobilidade".
"No troço de que estamos a falar da A16, no território de Cascais, a introdução de portagens seria lesiva para a harmonia social e económica do concelho. Constituiria uma espécie de regressão do ponto de vista da mobilidade, voltando a trazer para o presente, problemas que pensávamos já estar ultrapassados", referiu Carlos Carreiras numa nota escrita.
O autarca sublinhou que uma das contrapartidas que estavam implícitas na passagem da A16 por Cascais era de que os troços do território não seriam portajados.
"Além disso, esta é a única ligação entre Cascais e Sintra, visto que todas as alternativas de ligação só surgem depois do Linhó", acrescentou.
O Ministério da Economia já esclareceu que o Governo ainda "não tomou qualquer decisão" sobre a introdução de novas portagens, realçando que as notícias são fomentadas "por parte de quem quer ver enfraquecida a posição do executivo".
No entanto, também o vereador do Trânsito na Câmara de Sintra, Luís Duque, considerou que a eventual colocação de portagens no concelho viola o acordo celebrado com o anterior Governo e que "só se pode tratar de ignorância ou de má-fé".
Segundo Luís Duque (PSD/CDS-PP), "é uma provocação que resulta, ou da ignorância de todo o passado, ou de má-fé de quando foi a construção da A16. O troço Ranholas/Lourel é hoje a principal via de acesso a Sintra e à zona norte do concelho e já existia antes da construção dessa autoestrada".
Segundo Luís Duque, quando o troço que o Governo pretende agora portajar foi "afetado à A16, ficou acordado que nunca seria portajado", uma vez que representou grande investimento por parte do município através da cedência de terrenos.
O vereador do Trânsito adiantou que este troço construído em 1997 é hoje utilizado por milhares de condutores que tanto acedem através dessa via à A16 (inaugurada em 2009) ou à vila de Sintra.
"Todas as alterações viárias na vila de Sintra foram feitas a contar com esse troço, com grande investimento da Câmara nos acessos. A alternativa que existe [Ramalhão] não apresenta condições para escoar devidamente todo o trânsito", justificou.
A afetação do troço Ranholas/Lourel à A16 "teve com base o pressuposto de que este nunca seria portajado, porque está integrado num acordo global em que a Câmara cedeu vários terrenos para a construção da autoestrada", explicou o vereador à agência Lusa.
Em comunicado, o PCP de Sintra criticou também a instalação de portagens entre o nós de Ranholas e do Lourel, considerando que são "inaceitáveis", uma vez que "constituem uma discriminação negativa sobre os residentes no concelho de Sintra que não possuem alternativas viáveis de circulação".