O presidente da Câmara de Cascais defendeu hoje que o Governo deve avançar com “a grande reforma da descentralização” de competências para as autarquias, apontando também a urgência de se investir na ligação pendular de transportes com Lisboa.
Segundo Carlos Carreiras, as pessoas “não compreenderão que, estando reunidas todas as condições para isso, o Governo da República não avance até ao final do ano com a grande reforma da descentralização”.
O autarca social-democrata, que falava na cerimónia de tomada de posse dos órgãos autárquicos eleitos em 01 de outubro, acrescentou que o seu município, através de um projeto-piloto de transferência de competências, provou ao país que esta reforma “é boa, que é certa e que resulta”.
“Não é possível adiar mais algo que tem um largo consenso, do ponto de vista partidário, tem uma larga experiência autárquica de eficiência, onde se vê a força dos municípios e dos vários interventores políticos, e não há razão nenhuma para se continuar a adiar”, frisou em declarações à Lusa.
No seu discurso, Carlos Carreiras salientou também que as pessoas “não compreenderão que se volte a adiar uma solução para a Linha de Cascais”.
Além dos desafios nesta área dos transportes para resolver com os concelhos vizinhos de Oeiras e de Sintra, o autarca notou que no caso de Lisboa “há soluções de mobilidade pendular acordadas” com o presidente da autarquia da capital.
“É para resolver com o Estado, e se porventura o Estado não quiser, ou não puder, ou não souber resolver, então aí levantaremos a voz para dizer: deixem-nos resolver”, vincou.
Exemplo da disponibilidade para cooperar com a administração central passa pelo investimento na reabilitação de escolas, desde que o Ministério da Educação aceite equipar e contratar os funcionários para os estabelecimentos, à semelhança de parcerias realizadas na saúde.
Após reafirmar o empenho na concretização de várias medidas, entre as quais a redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o reforço do sistema de mobilidade MobiCascais, Carlos Carreiras assumiu não atuar “condicionado por qualquer fronteira partidária ou ideológica”.
“Cascais é o princípio e o fim de toda a minha ação política”, assegurou o autarca, prometendo estender consensos a toda a sociedade do município, nomeadamente “aos seus clubes, às suas coletividades, às suas associações e às suas gentes”.
Na sua intervenção na cerimónia na Cidadela de Cascais, Carreiras começou por lembrar as vítimas dos recentes incêndios florestais no centro e norte do país, destacando o esforço dos bombeiros do concelho e o papel do Presidente da República no apoio às populações afetadas.
Após enunciar os principais desafios do novo mandato, o social-democrata avisou que a sua ação não se esgota em quatro anos, apenas até 2021, mas que espera ser reeleito para os “quatro seguintes”.
A Câmara de Cascais é presidida há 16 anos por uma maioria PSD/CDS-PP, desde que António Capucho foi eleito para três mandatos e, após suspender o mandato em 2011, lhe sucedeu o seu vice-presidente, Carlos Carreiras, eleito em 2013.
Nas eleições de 01 de outubro, a lista liderada por Carlos Carreiras foi reeleita com maioria absoluta, obtendo 45,94% dos votos e seis mandatos, integrando também o executivo Miguel Pinto Luz, Joana Pinto Balsemão, Frederico Pinho de Almeida, Nuno Piteira Lopes e Filipa Roseta Vaz Monteiro.
A candidatura do PS, liderada pela antiga ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, conseguiu apenas 29,09% dos votos e quatro eleitos, incluindo Luís Miguel Reis, João Aníbal Henriques e Isabel Almeida Guerra.
A CDU, com 07,45% dos votos, manteve o vereador Clemente Alves.
A assembleia municipal passou a ser presidida por Pedro Mota Soares (PSD/CDS-PP), sendo composta ainda por deputados do PS, CDU, Bloco de Esquerda e PAN (Pessoas-Animais-Natureza).