O festival de banda desenhada da Amadora decidiu este ano dedicar-se à autobiografia, um tema mais contemporâneo, sobre identidade e o indivíduo, e que procura histórias reais, explicou à Lusa o director do AmadoraBD, Nelson Dona.
A 23.ª edição começa hoje e, numa visita guiada pelo Fórum Luís Camões, Nelson Dona explicou que, este ano, o festival está muito mais virado para o autor, a olhar para si mesmo.
A exposição central, dedicada à autobiografia, vai apresentar obras de autores portugueses e estrangeiros que tenham esse olhar umbilical, que sejam protagonistas e narradores da sua própria história, como os norte-americanos Justin Green e Robert Crumb e os franceses Edmond Baudoin e Fabrice Neaud.
Justin Green, com obra inédita em Portugal, e que estará presente no AmadoraBD, é considerado um dos precursores da banda desenhada autobiográfica norte-americana.
Paulo Monteiro, o autor este ano em destaque, e que venceu no ano passado o prémio de melhor álbum com "O amor infinito que te tenho e outras histórias", Marco Mendes, que editou o livro "Diário Rasgado", Marcos Farrajota, Pedro Brito e João Mascarenhas são alguns dos autores portugueses que integram a exposição central, comissariada pelo investigador Pedro Moura.
O objectivo foi encontrar "histórias de BD sobre pessoas concretas, com exemplos que possam levar os visitantes a olhar para a sua própria vida", explicou Nelson Dona.
Das várias exposições que estarão patentes nos dois pisos do Fórum Luís de Camões, destacam-se, por exemplo, a do autor francês de ascendência portuguesa Cyril Pedrosa, a propósito do lançamento do livro "Portugal", e o projecto ambicioso "O infante Portugal", com história de José de Matos-Cruz, que será ilustrada por vários autores portugueses.
Por ora, na Amadora, será revelada parte da história com desenho de Daniel Maia.
O festival irá ainda associar-se aos 50 anos da criação do super-herói Homem-Aranha, acolhendo uma exposição, em parceria com Milão, com pranchas de vários autores que desenharam a personagem da Marvel.
Pela primeira vez, o festival alarga as suas actividades para lá do concelho da Amadora e incluirá actividades em Lisboa, em parceria com os institutos Goethe e Franco-Português.
O AmadoraBD, que terminará no dia 11 de Novembro, tem um orçamento de 530 mil euros, igual ao de 2011, e Nelson Dona afirmou que, apesar "dos momentos de turbulência", a autarquia garantiu a realização do festival em 2013, ano de eleições autárquicas.