Moradores da zona de Algueirão, no concelho de Sintra, afirmaram hoje, à agência Lusa, que os bidões com produtos perigosos recolhidos na noite de sexta-feira, já estariam no local há algumas semanas.
“Todos os dias vou para ali passear com os cães e os bidões foram ali deixados no meio das canas”, contou Amâncio Marcelino, 66 anos, morador junto do acesso ao terreno onde foram encontrados mais de uma centena de bidões com materiais perigosos.
O reformado da função pública estimou que os recipientes em plástico já estivessem no local “para aí há um mês e meio”.
“Foi esta semana que passei por lá e verifiquei que aquilo estava ali”, disse, por seu turno, Daniel Silva, de 36 anos, que trabalha numa oficina perto da estrada da Serra Maria Dias.
Segundo este morador, o troço de estrada, sem saída após ter sido cortado para a construção dos acessos á autoestrada 16 (Belas/Cascais), costuma ser usado para o despejo de entulhos e outros resíduos.
“Eles chegam aí de noite e descarregam tudo à vontade”, disse Daniel Silva.
Os bidões foram recolhidos na noite de sexta-feira, após uma denúncia para o Núcleo de Proteção Ambiental da GNR de Sintra, e testes efetuados revelaram tratar-se de material “nocivo, corrosivo e inflamável”, segundo adiantou o capitão Bruno Ribeiro à SIC.
O comandante do Destacamento Territorial de Sintra da GNR acrescentou que, dada a natureza perigosa dos resíduos, vai ser investigada uma eventual contaminação dos solos.
Ana Queiroz do Vale, diretora municipal responsável pela Proteção Civil de Sintra, disse à Lusa não ter informação de que o material tenha sido derramado e que só averiguações posteriores poderão determinar se houve, ou não, contaminação dos solos.
A mesma fonte municipal revelou que os bidões foram recolhidos assim que se confirmou haver “o perigo de alguém que por ali passasse pudesse mexer no material e haver risco para a saúde pública”.
Após o contacto da GNR, a autarquia mobilizou meios da empresa municipal HPEM (Higiene Pública) para remover os bidões para instalações municipais. Ana Queiroz do Vale explicou que, na segunda-feira, serão desencadeados os mecanismos para dar “um destino final” aos materiais, no seguimento da abertura de “um processo contraordenacional ambiental”.