Miguel Jorge Barbosa (Mitsubishi) acabou por ficar como o melhor português no Rali de Portugal, ao beneficiar de um azar de Bruno Magalhães (Peugeot) já na ligação ao Algarve. Bruno Magalhães tinha concluído o último troço da prova no 16.º lugar e à frente de Barbosa (19.º), mas um toque na ligação fez-lhe perder esse estatuto, tendo o carro parado a cerca de um quilómetro do Estádio do Algarve.
Depois do azar na primeira etapa, que lhe retirou na altura quase todas as esperanças de vir a se sagrar melhor português, Magalhães, que voltou à prova em Super Rally 2, recuperou, ao beneficiar igualmente de problemas dos outros concorrentes, tendo neste último dia cegado mesmo à liderança entre os lusos, que veio a perder já depois de concluída a fase de competição.
Miguel J. Barbosa foi assim considerado o melhor português, tendo então concluído o rali no 18.º lugar.
"Estamos super-satisfeitos com este resultado. Foi um árduo trabalho de toda a equipa, fomos imprimindo o nosso ritmo, sabendo aquilo que era possível fazer com o carro, mas também sofremos algumas consequências da dureza do rali, como os pneus e por último ficámos sem suspensão traseira", disse Miguel J. Barbosa, pouco depois de festejar no pódio a vitória como melhor português.
O piloto luso referiu ainda estar muito contente por ter chegado ao estádio do Algarve e, sobretudo, por ter sido a melhor dupla portuguesa.
Ogier dominou desde o início
O francês Sébastien Ogier (Volkswagen) está a confirmar ser o grande sucessor do seu compatriota Sébastien Loeb, nove vezes campeão, no Mundial de ralis, tendo hoje vencido o Rali de Portugal, que dominou desde o início.
O piloto gaulês chegou a Portugal adoentado - não participou na semana passada no Fafe Rally Sprint - e foi referindo ao longo da prova sentir-se debilitado fisicamente, o que não era comprovado pelos resultados, já que dominou claramente a prova portuguesa.
Depois de ter perdido a primeira prova do campeonato (Monte Carlo) para Loeb, que este ano optou por participar a tempo parcial, Ogier respondeu no rali seguinte (Suécia), relegando o seu compatriota para o segundo lugar e repetindo os triunfos no México e hoje em Portugal, nestes já sem a presença de Loeb, que só faz a sua reaparição no próximo rali, a disputar na Argentina.
O domínio de Ogier só por duas vezes sofreu alguma contestação, primeiro pelo norueguês Mads Ostberg (Ford), que liderava a prova após a segunda prova especial, mas no terceiro troço do rali capotou, hipotecando as suas aspirações de vencer este rali, depois de ter sido declarado vencedor na temporada passada devido à desclassificação de Hirvonen.
Apesar de ter ascendido à liderança, Ogier não conseguiu ganhar muito tempo, pelo que a segunda etapa começou com o ataque de Dani Sordo à liderança.
No entanto, o espanhol foi também vítima da estrada logo na primeira especial desta etapa e, depois de ter chegado virtualmente à liderança, saiu de estrada com o seu Citroen, ficando desde logo, a exemplo de Ostberg, afastado da corrida pela vitória.
A partir daqui, muito dificilmente Ogier deixaria escapar a vitória, até porque a Volkswagen dominava o rali, com o gaulês à frente e o finlandês Jari-Matti Latvala na segunda posição.
A prova reservara, no entanto, um pequeno susto para a marca alemã na manhã da terceira e derradeira etapa, quando os dois Polo R apresentaram alguns problemas, principalmente o de Latvala.
Enquanto Ogier aparentava alguns problemas com a embraiagem, logo resolvidos, Latvala teve menos sorte e acabou a segunda especial da manhã sem tração dianteira, o que lhe fez perder muito tempo, baixando ao terceiro lugar.
Ainda existiu alguma expectativa quanto à recuperação dos dois carros na pausa antes das duas últimas especiais, mas rapidamente as dúvidas se dissiparam e tanto Ogier como Latvala regressaram em pleno, com o gaulês a vencer mesmo a "powerstage", que lhe confere mais três pontos para o mundial, tendo Latvala sido terceiro e somado um ponto aos 18 conquistados na prova portuguesa.
Como consolação, Ostberg conquistou dois pontos nesta especial por ter sido segundo, uma conquista que fez por merecer, depois de ter sido o único a rodar bem próximo do gaulês.
Num ano marcado pelo reduzido número de portugueses, apenas oito inscritos, Bruno Magalhães (Peugeot) sagrou-se o melhor luso em prova, mesmo depois de ter sentido problemas na primeira etapa e reentrado em prova em Rally 2.
O açoriano Ricardo Moura (Mitsubishi), bicampeão nacional, dominou durante largo tempo a prova, mas problemas no final da segunda etapa obrigaram-no a abandonar e a ceder a posição a Miguel J. Barbosa (Mitsubishi), cujo andamento era claramente inferior ao de Magalhães, que passou rapidamente nas especiais de hoje para a frente entre os portugueses.
A próxima prova do campeonato do Mundo realiza-se de 01 a 04 de maio, na Argentina.