Câmara da Amadora rejeita críticas por homenagem a Hugo Chávez

A Câmara da Amadora rejeitou hoje as críticas pela atribuição do nome de Hugo Chávez a uma praça em Alfragide, recordando que a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, quatro votos de pesar pela morte do antigo Presidente venezuelano.
 
"Os elogios vieram de todas as bancadas e até houve quem lhe chamasse 'amigo de Portugal', pela forma como, durante 14 anos ajudou a aprofundar as relações entre os dois países e como respeitou quase um milhão de portugueses que vivem no seu país", salientou, em comunicado, a autarquia presidida pela socialista Carla Tavares.
 
"O CDS entende que esta atribuição toponímica pode ser vista como uma homenagem do executivo e um ato de apoio ao regime político da Venezuela", criticou hoje, em declarações à Lusa, o deputado municipal João Paulo Castanheira, depois de, no Facebook, ter recordado que "o regime esquerdista radical de Caracas mantém dezenas de opositores políticos na cadeia, fechou televisões livres e conduziu a Venezuela a uma catástrofe económica".
 
A Câmara Municipal, no comunicado enviado à Lusa, esclarece que a inauguração, na terça-feira, de uma placa toponímica na freguesia de Alfragide decorreu por ocasião de uma visita do embaixador da Venezuela em Portugal e na sequência de uma homenagem da assembleia e executivos municipais a Hugo Chávez.
 
Perante as críticas de "certos sectores políticos nacionais - alguns dizendo-se chocados com esta distinção", a nota da autarquia considerou que se pode discordar de tudo "em democracia", mas que não se pode "apagar a memória".
 
"Aquando da morte do Presidente Hugo Chávez, a Assembleia da República de Portugal aprovou por unanimidade quatro votos de pesar e os vários líderes políticos pronunciaram-se pessoalmente sobre a figura do Presidente" da República Bolivariana da Venezuela, recordou a autarquia.
 
A câmara, "em nome da amizade entre os dois povos, que transcende em muito os momentos políticos, [e] em nome do que o Presidente Hugo Chávez fez pelas relações com Portugal e pela forma como sempre respeitou as nossas comunidades, não pode deixar de estranhar tanta indignação", lê-se no documento.
 
O comunicado concluiu, ainda, que a autarquia "tem a certeza [de] que todos os familiares de portugueses que residem naquele país sentem, como a Assembleia Municipal e o executivo camarário sentiram, a justiça desta homenagem".
 
O deputado municipal do CDS-PP, que se absteve na votação do voto de pesar pela morte de Chávez, na Assembleia Municipal da Amadora, em 2013, justificou a posição pelo princípio de "nunca votar contra um voto de pesar" de um ser humano.
 
"A nossa visão sobre o regime bolivariano de Chávez não mudou. É um regime que fez muito mal aos venezuelanos e à comunicação social do país", frisou João Paulo Castanheira.
 
O deputado municipal assegurou que muitas pessoas lhe transmitiram "ter vergonha" pela decisão municipal.
 
O vereador Francisco Santos, da CDU, desvalorizou a polémica, esclarecendo que a inclusão do nome na toponímia, sugerida no voto de pesar dos deputados municipais, foi aprovada, por unanimidade, pela comissão municipal composta pelo PS, CDU e PSD.
 
"Tudo isto é um não caso", afirmou o autarca comunista, salientando que a escolha do lugar levou em conta "a proximidade de escolas do primeiro ciclo onde costuma tocar a Orquestra Geração", inspirada no sistema de ensino da música venezuelano.
 
A delegação da embaixada, liderada pelo 'general en jefe' Lucas Rincón Romero, visitou ainda a EB1/JI Alto do Moinho, onde teve oportunidade de assistir a uma aula de cordas da Orquestra Geração.