Câmara de Cascais disponível para ter Carris a trabalhar no concelho

O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), quer que a transportadora rodoviária Carris comece a trabalhar naquele concelho, que está “muito mal servido” de transportes públicos.
 
“Podíamos aproveitar a Carris, o Metropolitano e a Transtejo e torná-los no grande prestador de serviço de transportes da Área Metropolitana de Lisboa. A Carris já chega a municípios muito próximos de Cascais. Seria uma hipótese alargar”, afirmou.
 
Carlos Carreiras falava na sessão de abertura do Fórum Mobilidade e Sistema Metropolitano de Transportes: Direito à Mobilidade com Transportes Públicos Sustentáveis, que hoje decorre no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
 
Afirmando “não ver razões para que isso não aconteça”, o autarca lamentou que não esteja “sequer a ser equacionado” nas reuniões para se preparar a municipalização e o futuro dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
 
“Não entendemos que possa haver concelhos que fiquem de fora. Queremos assegurar que os nossos problemas têm uma participação efetiva”, frisou.
 
Referindo-se à atual situação dos transportes no concelho, disse que Cascais está no “fim da escala em termos de mobilidade”.
 
“O transporte público ferroviário é o que é. Mais dia, menos dia acaba. Há um desinvestimento permanente ao longo de muitos anos na questão ferroviária. Na questão rodoviária, estamos muito mal servidos. Não temos um operador que preste serviço público”, frisou.
 
Para exemplificar, o presidente referiu que 66% da população do concelho opta pelo transporte individual, 11% o comboio, 8% anda a pé e os restantes vão de autocarro.
 
“O transporte público saiu do modo de vida em Cascais porque o preço e o nível de serviço, que caiu de tal maneira, leva a que as pessoas não tenham confiança”, afirmou.
 
Carlos Carreiras reafirmou que tem “abertura total em relação à integração na AML”, porque há agora uma “oportunidade única para corrigir” o sistema de transportes públicos em Cascais.
 
“Se já temos entidades que têm competências e conhecimento acumulado para fazerem uma prestação de transporte público, porque não pegar na Carris e no Metro e na Transtejo e passarmos a fazer uma prestação de serviço mais global?”, questionou.
 
Também presente no Fórum, o presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto (CDU), fez um retrato da situação naquele concelho para dar um exemplo de como funciona um sistema de transporte municipalizado.
 
Num concelho com 70 mil habitantes, os Transportes Coletivos do Barreiro realizam cerca de 90 milhões de viagens por ano, funcionam 23 horas por dia, sendo um terço das viagens para o sistema fluvial, um terço para as escolas e outro terço para a vida na cidade (hospital, farmácias, supermercados, correios, etc).
 
"Há mais gente a utilizar o transporte coletivo do que individual", frisou o autarca, acrescentando que a Câmara subsidia os bilhetes porque "não é possível um sistema sustentar-se a si próprio sem ajuda".