Elementos da GNR e da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) participaram hoje, junto a uma escola da Terrugem, Sintra, numa ação de sensibilização dos automobilistas para prevenir atropelamentos de crianças e jovens.
"Bom dia senhor condutor, estamos aqui numa campanha de sensibilização para a segurança rodoviária", explicou o militar da Escola Segura da GNR, após fazer continência ao automobilista mandado parar para o parque de estacionamento em frente ao agrupamento de escolas Alto dos Moinhos, na Terrugem.
Os automobilistas, que circulavam na estrada que liga Terrugem a São João das Lampas, eram informados da Campanha de Prevenção dos Atropelamentos", lançada esta semana pela APSI, com o apoio, entre outras entidades, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), GNR e PSP.
Segundo a APSI, a partir de dados da ANSR, "por semana, mais de 20 crianças e jovens ficam feridos ou morrem" devido a atropelamento, informa um folheto entregue aos automobilistas, após serem alertados para a necessidade de reduzirem a velocidade e não estacionarem junto a passadeiras, em cima do passeio ou em segunda fila.
"Acho bem estas ações. É um problema que existe, a falta de consciência da maior parte dos condutores, que não respeitam sinais, não respeitam crianças, não respeitam passadeiras, não respeitam nada", comentou à Lusa Carlos Santos, 85 anos, residente na freguesia de Colares, depois de ter sido abordado pelo militar da GNR e uma voluntária da APSI.
Para Leonor Príncipe, 46 anos, moradora na Cabrela, a sensibilização "nunca é demais, porque há todos os dias acidentes, e não deve ser só das autoridades, parte também dos pais e de casa".
"Isto tem tudo a ver com o civismo. É a mesma coisa do que ir a conduzir e deitar o papel para o chão, deitar a beata para o chão, isso vem tudo de casa", frisou.
A presidente da APSI, Sandra Nascimento, salientou que, a partir da média de 20 crianças atropeladas, em 2013 e 2014, até aos 17 anos, "por ano são mais de 1.000" as vítimas de atropelamento.
"Muitas vezes olhamos mais para as crianças que morrem, mas as que ficam com ferimentos graves e incapacidades graves veem toda a sua vida dar uma volta de 180 graus, porque deixam de poder aprender e de se relacionar com os outros", avisou a dirigente da APSI.
Para além da velocidade "perto de escolas e zonas residenciais e nos percursos casa-escola", Sandra Nascimento apontou para outros comportamentos de risco, como a "paragem, nos locais de tomada e largada das escolas, de carros junto a passadeiras e em segunda fila".
"Esquecemos que a criança não se comporta da mesma maneira no ambiente rodoviário, ela é muito diferente de um adulto", notou a responsável, acrescentando que a criança "tem mais dificuldade em ver e em ser vista".
Apesar da campanha se dirigir aos automobilistas, Sandra Nascimento sublinhou que também são precisas intervenções nas infraestruturas, nomeadamente pelas autarquias, para levar à redução de velocidade, alterando o desenho da via ou com sinalização e lombas.
Para o capitão Tiago Silva, da Brigada de Trânsito da GNR, a sensibilização para o problema dos atropelamentos deve ser dirigida "aos professores, nas escolas, que devem sensibilizar os seus alunos, aos encarregados de educação e depois às associações e aos condutores".
"É importante os condutores estarem alertados que um atropelamento numa passadeira é um crime por negligência, que está estipulada no processo criminal", vincou o oficial da GNR.
"O objetivo no fundo é sensibilizar os condutores, os miúdos e os professores para o problema e tentar mudar e alterar o comportamento dos condutores junto das escolas", resumiu Jorge Jacob, presidente da ANSR.
A campanha da APSI decorre de 14 de setembro a 04 de outubro, com a distribuição de folhetos junto a escolas, anúncios na comunicação social, em pacotes de açúcar e em transportes públicos.