A Carris vai testar em Lisboa, entre Outubro e Janeiro, um autocarro eléctrico, num projecto que começa por abranger duas carreiras mas que se espera alargar a outros percursos.
“Vamos testar [o autocarro] em duas linhas que são emblemáticas na cidade: a 706, que é uma linha circular que faz Cais do Sodré, Santos, Rato, Avenida da Liberdade, Conde Redondo, Estefânia, Praça do Chile e acaba por terminar em Santa Apolónia, e a 758, que é uma radial que sai do Cais do Sodré, vai até à Praça de Camões, segue até ao Rato, Amoreiras, Campolide e vai até Benfica”, informou o presidente da Carris, Tiago Farias.
Com capacidade para 88 passageiros, o autocarro eléctrico não produz dióxido de carbono nem ruído e apresenta baixos custos de energia e de manutenção. A autonomia do protótipo que será usado nas ruas de Lisboa é de 80 quilómetros e o tempo de carregamento ronda os 30 minutos.
“Tudo isto tem de ser testado para que possa funcionar em pleno numa cidade complexa como a cidade de Lisboa, com ruas muito estreitas, com uma topografia muito acentuada e com velocidades comerciais muitas vezes baixas”, observou Tiago Farias.
O responsável falava no Museu da Carris, onde foi assinado esta quarta-feira um protocolo com a CaetanoBus para a cedência gratuita de um autocarro e.city Gold, entre 3 de Outubro e 2 de Janeiro, visando a realização de testes em contexto de serviço.
Falando da relação da Carris com a CaetanoBus, Tiago Farias confessou: “Só tenho pena que, desde 2009, nunca mais nos tenham fornecido. Mas a culpa não é vossa, a culpa é nossa, que nunca mais comprámos um autocarro”. Ainda assim, vincou que a empresa vai apostar numa “frota moderna e com qualidade”.
José Ramos, da CaetanoBus, referiu que, depois dos primeiros testes nas duas carreiras, “a ideia é alargar [a utilização] a outros percursos”.
Este autocarro foi lançado em Julho passado e resulta de parcerias com a Siemens (que fornece a energia eléctrica) e instituições ligadas à Universidade do Porto.
Além de Lisboa, está em teste em Aveiro, Braga e Porto. Anteriormente, o protótipo foi exibido em Guimarães e Cascais.
Presente na ocasião, o secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, recordou que, no âmbito do quadro comunitário Portugal 2020, haverá “financiamento para operadores privados e públicos para a renovação da frota com veículos amigos do ambiente”, tanto a gás natural como eléctricos.
Também no âmbito dos fundos comunitários se prevê a “possibilidade de financiar sistemas de carregamento” para autocarros eléctricos, que “têm de estar estrategicamente situados”, realçou José Mendes.
Segundo dados divulgados na ocasião, a rede da Carris abrange 48 quilómetros. Diariamente, existem 70 veículos eléctricos a circular, percorrendo um total de 1,7 milhões de quilómetros. A frota da Carris é ainda composta por 600 autocarros - dos quais apenas 40 são a gás natural -, que percorrem 30 milhões de quilómetros por ano.