Castelo dos Mouros recebe 'Prémio Nacional do Imobiliário'

A Parques de Sintra recebeu ontem à noite o “Prémio Nacional do Imobiliário”, na categoria Equipamentos Coletivos, com o projeto de recuperação do Castelo dos Mouros. 
 
O prémio, organizado pela revista “Magazine Imobiliário”, tem como objetivo reconhecer o que de melhor se tem feito em Portugal ao nível do setor imobiliário.
 
A edição deste ano recebeu 41 candidaturas de empreendimentos concluídos entre 2013/2014 dos quais 24 foram apurados para as cinco categorias a concurso: Escritórios, Habitação, Comércio, Equipamentos Coletivos e Turismo. 
 
O grande vencedor da noite foi o Mercado do Bom Sucesso, no Porto, que conquistou o “Prémio Nacional do Imobiliário/Melhor Empreendimento do Ano”, para além do galardão da categoria de Comércio.
O projeto de recuperação do Castelo dos Mouros
 
O projeto “À Conquista do Castelo” implicou um investimento de 3,2 milhões de euros, cofinanciado em 600 mil euros pelo Programa de Intervenção do Turismo (PIT) e, no remanescente, pela Parques de Sintra. O objetivo centrou-se na valorização global e no restauro do Castelo dos Mouros, monumento que contou com cerca de 300 mil visitas em 2014.
 
A envolvente paisagística e os caminhos de acesso e de ronda foram recuperados e as principais muralhas consolidadas e restauradas. É agora possível visitar a cisterna, e a Igreja acolhe um Centro de Interpretação da História do Castelo. No decorrer do projeto houve também a permanente preocupação de melhorar as condições de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.
 
As intervenções foram antecedidas e acompanhadas de escavações arqueológicas realizadas em parceria com a Universidade Nova de Lisboa (desde 2009).
 
No espaço das Antigas Cavalariças construiu-se um novo Centro de Apoio ao Visitante (projetado para que fossem visíveis as estruturas arqueológicas identificadas no subsolo) dotado de bilheteira e loja, cafetaria com esplanada e instalações sanitárias.
 
Estes edifícios utilizam madeira e são interligados por passadiços, evocando torres medievais de assalto a castelos. A madeira é simbolicamente de acácia, proveniente das limpezas florestais efetuadas nas propriedades geridas pela Parques de Sintra.
 
Os novos equipamentos requereram a instalação de infraestruturas de água, esgotos, rega, energia e comunicações, iluminação, segurança CCTV e proteção contra incêndios sob os caminhos recuperados. Dada a grande sensibilidade arqueológica do subsolo, para a ligação das infraestruturas às redes públicas, foi utilizada uma antiga mina de água como galeria técnica, situada a 30m de profundidade, mediante um furo vertical no maciço rochoso.
 
Instalou-se ao longo do perímetro exterior das muralhas uma solução de iluminação cénica, moderna e energeticamente eficiente, que permite a visualização da silhueta do Castelo a partir de vários pontos da Vila e da Serra, valorizando a imponência do monumento.
 
A Cisterna é agora visitável através de um passadiço pousado no pavimento que permite caminhar no seu interior.
 
O restauro das muralhas intervencionadas foi precedido de um estudo de datação das várias fases construtivas, elaborado pelos especialistas em Arqueologia da Arquitetura do Centro de Ciencias Humanas y Sociales de Madrid, e da análise das argamassas existentes, formulação de novas para consolidação geral e refechamento das juntas entre pedras, realizada conjuntamente com o Instituto Superior Técnico.
 
As ruínas da Igreja de São Pedro de Canaferrim foram igualmente alvo de restauro e de um projeto de arquitetura que visa a sua proteção e adaptação a Centro de Interpretação do Castelo, albergando achados arqueológicos resultantes das investigações dos últimos anos e fornecendo informação sobre a História do local.
 
A Casa do Guarda do Castelo foi igualmente recuperada e adaptada a cafetaria e instalações sanitárias, e o terraço funciona como miradouro e esplanada.
 
Para aumentar a acessibilidade, o conforto e a segurança da visita os caminhos de acesso e de ronda foram pavimentados com calçada de granito amarelo irregular, semelhante ao utilizado nos restauros do século XIX, e instaladas rampas. É, assim, agora possível percorrer o caminho até ao Castelo em cadeira de rodas, aceder às novas instalações de acolhimento e a uma parte da muralha com vista para a Vila de Sintra.
 
A valorização paisagística visou a recriação da ambiência romântica pensada por D. Fernando II, através da plantação de espécies em voga no séc. XIX. Na Praça de Armas reconstruiu-se parcialmente a estrutura de jardim, onde camélias, rododendros, azáleas, fúchsias, hortenses e fetos, entre muitas outras espécies, enquadram os bancos e tanques de água decorativos, mantendo-se a praça ampla e disponível para a realização de espetáculos. Junto ao novo Centro de Apoio, Cisterna, Campo Arqueológico e Igreja foram criados canteiros onde a vegetação visa enquadrar e valorizar os locais de interesse e regular a circulação de visitantes. Para rega foi instalado um sistema automatizado, gerido remotamente e integrado na central de controlo do Parque da Pena.
Em toda a envolvente foram removidas árvores mortas, com problemas fitossanitários ou em risco de queda. Intervenções de arboricultura e remoção de vegetação invasora permitiram restabelecer e potenciar as vistas do Castelo, um dos principais motivos de visita, bem como pôr a descoberto panos de muralha que há muito não eram visíveis.
 
O transporte de materiais e equipamentos foi efetuado através de uma grua de cabos, sustentados por uma torre com 20 metros de altura localizada dentro do Castelo, que permitiu transportar cargas sem interferir com os visitantes, minimizando o ruído e as emissões poluentes.