O acordo entre o município e o Governo para a construção do futuro Hospital de Proximidade de Sintra “abriu caminho a um hospital privado do grupo CUF”, acusou hoje a concelhia de Sintra da CDU.
“Foi cozinhada, com a conivência da Câmara Municipal e do Ministério da Saúde, e nas costas da população, uma solução mista para Sintra: um pequeno hospital público e um hospital privado”, criticou a CDU de Sintra, num comunicado hoje divulgado.
Segundo a coligação, o futuro Hospital CUF Sintra, investimento da José de Mello Saúde de 30 milhões de euros, hoje anunciado, “só pode existir pelas insuficiências” do hospital de proximidade que será construído com 29,6 milhões de euros do município, conforme o acordo assinado na semana passada com os ministérios das Finanças e da Saúde.
“Na unidade pública, a população de Sintra não encontrará resposta na área de pediatria, para além de outras, mas terá à sua disposição (desde que pague) o hospital privado, que terá esta especialidade”, apontou a CDU.
Para a coligação, “assim, se percebe o que foi hoje confirmado por Salvador de Mello quando afirmou que o hospital CUF Sintra ‘em velocidade de cruzeiro deverá gerar um volume de negócios de 35 milhões de euros’”.
“Tal como a CDU sempre alertou e veio agora a confirmar-se, a falta de uma unidade de saúde capaz de satisfazer as necessidades atualmente existentes, conduz à implantação de privados, numa lógica puramente de negócio”, acrescentou.
A coligação formada pelo PCP e PEV considerou que se tornou mais claro o anúncio público da construção do hospital CUF Sintra, “arquitetado nas costas da população”, escassos dias “após a aprovação do acordo da construção do ‘mini-hospital’ público”.
A CDU notou que “Portugal é dos países que tem o menor investimento público ‘per capita’ da União Europeia em saúde”, ocupando o 16º lugar entre 23 países avaliados, e “só em 2015 o Estado transferiu mais de 4.000 milhões de euros para os grupos privados da saúde, números que se mantêm no essencial para 2017”.
A nota da estrutura concelhia salientou que apenas a CDU votou contra o acordo para o financiamento municipal da construção do Hospital de Proximidade, que funcionará em articulação com o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), prometendo que “a luta pelo direito à saúde em Sintra vai continuar”.
O futuro Hospital CUF Sintra, hoje anunciado, representa um investimento “de aproximadamente 30 milhões de euros” e vai “gerar 345 postos de trabalho”, frisou Salvador de Mello, presidente do grupo José de Mello Saúde.
O novo hospital, nas antigas instalações da farmacêutica Schering, em Algueirão-Mem Martins, deverá inaugurar as áreas de atendimento permanente, consultas, imagiologia e exames especiais no primeiro semestre de 2018, prevendo-se que bloco, internamento, cuidados intermédios e hospital de dia entrem em funcionamento em 2020.
O presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta (PS), considerou que o novo equipamento é “uma mais-valia para o concelho” e que “não há segurança das populações quando [estas] não têm acesso correto e atempado aos serviços de saúde”.
O autarca frisou que o município foi abandonado em termos de saúde durante muitos anos e que a nova unidade privada, em desenvolvimento desde há um ano, vai complementar a oferta do Hospital de Proximidade de Sintra.
O acordo assinado com os ministros das Finanças e da Saúde estabelece que a autarquia investe 29,6 milhões de euros na “conceção e construção” e o Estado assume 21,6 milhões com “aquisição e instalação do equipamento” na nova unidade, que fica pronta em “janeiro de 2021”.