Cerca de 700 mil "pirilampos mágicos" vão estar à venda em todo o país, a partir de sábado, no âmbito da campanha de solidariedade mais antiga em Portugal para apoiar pessoas com deficiência intelectual e suas famílias.
Promovida pela Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci), a campanha do Pirilampo Mágico, que é apresentada hoje no Torreão Poente do Terreiro do Paço, em Lisboa, e decorre até dia 29, tem como lema "Somos quem somos".
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Fenacerci, Rogério Cação explicou que o tema da campanha pretende alertar para os direitos das pessoas com deficiência intelectual.
Muitas vezes, as pessoas com deficiência intelectual "são invisíveis aos olhos da comunidade", mas "a campanha Pirilampo Mágico tem permitido dar visibilidade a estas pessoas", o que "é extremamente importante", adiantou.
"Antigamente era o tontinho, o maluquinho, a pessoa que tinha que ficar escondida num canto, hoje não", disse Rogério Cação, explicando que atualmente "há a plena consciência que são pessoas exatamente como as outras".
"Podem ter mais dificuldade em dizer e perceber as coisas, mas têm sonhos, têm expectativas, têm futuro, querem participar e ter oportunidades" e, quando as têm, "mostram claramente a sua dimensão humana, a sua dimensão cidadã que todos nós requeremos para as nossas vidas", sublinhou o responsável.
Os pirilampos poderão ser comprados a dois euros e há também pin, canecas, chávenas de café, t-shirt, e um saco de compras, produtos cuja venda reverte para 84 cooperativas que apoiam mais de 30 mil pessoas.
Rogério Cação disse que, este ano, tem havido "pedidos muito intensos" para alguns materiais da campanha, que já "estão praticamente esgotados".
Lançada em 1987, a campanha ainda mantém os mesmos objetivos: "angariar recursos para organizações que trabalham com pessoas com deficiência intelectual e multideficiência e dar a conhecer a realidade destas pessoas", as suas dificuldades e expectativas no sentido de promover a sua inclusão na sociedade, sublinhou.
Para o responsável, esta campanha foi adotada pela generalidade dos portugueses por duas razões.
"Primeiro porque identificaram a justeza da causa das pessoas com deficiência intelectual e das suas famílias" e, segundo, porque "reconhecem que o seu contributo tem aplicações práticas".
O dinheiro angariado tem finalidades concretas que variam em função das organizações, que podem ir desde uma pequena obra, até à compra de equipamentos, de ajudas técnicas, adaptação de espaços, "coisas que se não houvesse esta ajuda suplementar seriam impossíveis de concretizar".
A campanha deste ano é apadrinhada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e associa-se ao Ano Internacional do Entendimento Global.