Coliseu quase esgotado para recordar 'Grândola Vila Morena'

Mais de vinte artistas portugueses e espanhóis sobem ao palco do Coliseu de Lisboa, na sexta-feira, para recordar um concerto que aconteceu há quarenta anos naquela sala e onde se entoou a canção "Grândola, Vila Morena", de José Afonso.

De acordo com a organização, o concerto "Cantar Grândola, 40 anos depois" está quase esgotado para evocar um espetáculo que aconteceu no coliseu de Lisboa a 29 de março de 1974, um mês antes da revolução.

"No dia do espetáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações de 'Venham Mais Cinco', 'Menina dos Olhos Tristes', 'A Morte Saiu à Rua' e 'Gastão Era Perfeito'. Curiosamente, a 'Grândola' era autorizada", recorda a Associação José Afonso.

Militares do Movimento das Forças Armadas estariam entre a assistência e escolheram aquela música de Zeca Afonso - gravada para o álbum "Cantigas do Maio" (1971) - para senha da revolução.

Além de Zeca Afonso, nesse espetáculo participaram Adriano Correia de Oliveira, José Carlos Ary dos Santos, Carlos Paredes, Fernando Alvim, Fernando Tordo, José Jorge Letria e José Barata Moura.

Quarenta anos depois, o elenco será diferente, com mais de vinte artistas, a maioria portugueses, como Sérgio Godinho, Júlio Pereira, Amélia Muge, João Afonso, António Victorino d’Almeida e Luiz Avellar, Filipe Raposo, Francisco Fanhais, Zeca Medeiros.

A eles juntam-se ainda Manuel Freire e Carlos Alberto Moniz, que estiveram há 40 anos no coliseu e os espanhóis Antonio Portanet e Esther Merino.

Em declarações à agência Lusa em fevereiro passado, Manuel Freire recordou esse concerto emblemático como "uma coisa bastante vibrante, ver o coliseu completamente cheio a cantar aquela música".

"Andávamos com o Zeca, conhecíamos a música, mas não tínhamos a pequena ideia de que aquilo ia acontecer [no Coliseu]", recordou.

O músico recorda que havia recomendações para "não levantar muitas ondas porque a polícia de choque estaria à saída" do Coliseu, mas "as mensagens eram cifradas e as pessoas estavam já treinadas para as decifrar".

 

"Cantar Grândola, 40 anos depois" é organizado pela Casa da Imprensa e pela Associação José Afonso.