Assinalando os 150 anos da criação do Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS), Oeiras foi o concelho escolhido para acolher um conjunto significativo de iniciativas que começaram na segunda-feira passada e se prolongam até ao próximo domingo. Entre eventos abertos à população e outros reservados a especialistas, são várias as oportunidades de perceber as mudanças por que passou esta força de segurança.
“As instituições estão em permanente evolução. A polícia está sempre a aprender, pugnamos por isso”, frisou ao JR Jorge Maurício, comandante metropolitano da PSP de Lisboa, aquando da inauguração da exposição de meios patente ao público junto à Praia da Torre. No sábado acontecem as cerimónias oficiais no Forte de S. Julião da Barra, que incluirão, às 10h30, a realização de uma parada militar junto à Praia da Torre, que deverá contar com a presença da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. Finalmente, no domingo, entre as 10h00 e as 13h00, a população é convidada a participar em múltiplas actividades desportivas e lúdicas marcadas para o Estádio Nacional, no Jamor, entre as quais insufláveis, corrida de pais e filhos, canoagem, orientação, passeio de BTT e torneio de futebol, aulas de Zumba e ‘body bombat’.
Um velho carocha ao lado de um carro de gama alta usado para operações que exigem poder de aceleração é um retrato que atesta bem a evolução porque passaram os meios usados pela PSP. Em termos de viaturas, a exposição que está patente numa parte do estacionamento junto à Praia da Torre (ao lado da carruagem-bar), entre as 09h00 e as 20h00, mostra, ainda, um veículo eléctrico usado para apoio aos turistas na cidade de Lisboa e em Cascais, várias motos, um carro ligado ao departamento de armas e explosivos, além do temido reboque…
A iniciativa pretende ilustrar, também, a evolução dos seus recursos humanos, com destaque para o papel pioneiro entre as forças de segurança que as mulheres tiveram dentro da polícia.
Finalmente, um conjunto de cartazes espalhados pelo recinto evidenciam algumas das principais fases e funções da PSP que consubstanciaram a sua evolução. Assim, é resgatada do fundo do baú a polícia que fazia recolha de dados sobre “movimentos insurrectos, acções políticas subversivas e movimentos sociais violentos”, mas também a “polícia sanitária” que teve um papel relevante no apoio e controle sanitário em todo o país, incluindo a gestão das chamadas mitras – nome do albergue da cidade de Lisboa – onde se tratavam, e até doutrinavam, cidadãos desamparados, sem esquecer o controle das meretrizes e das ‘casas toleradas’ (bordéis).
Os elementos da polícia que morreram nas ex-colónias, para onde foram enviados, em 1960, integrados nas companhias móveis então criadas para apoiarem a manutenção da ordem naquelas regiões na sequência dos primeiros movimentos de revolta, também são evocados, assim como a memória do comandante-geral da PSP que foi demitido pelo Estado Novo por facilitar as iniciativas do General Humberto Delgado...
Destaque, ainda, para imagens dos antigos calabouços da polícia de Lisboa, conhecidos na gíria por ‘Casa das Ratazanas’ pelo seu ar lúgubre, por onde passaram levas de presos políticos no Estado Novo, mas igualmente detidos de delito comum, entre eles dos mais violentos assassinos da história da capital, meretrizes e crianças mendigas…
Jorge A. Ferreira