Concertos a seis órgãos esgotam basílica do palácio de Mafra

Cerca de 25 mil pessoas assistiram aos concertos do conjunto único no mundo dos seis órgãos históricos de Mafra que, depois de um interregno de duzentos anos, estão a tocar desde 2011 e dão no domingo o próximo concerto.

O Ciclo de Concertos a Seis Órgãos do Palácio Nacional de Mafra conta com novo repertório, na sua quarta edição.

Os 470 lugares da Basílica do Palácio têm tido lotação esgotada do público nos 40 concertos já realizados, que chegam a ter uma assistência de 600 espectadores e que já foram assistidos por 25 mil pessoas, revelou o director do Palácio Nacional de Mafra à agência Lusa.

"Há um grande fluxo de visitantes aos concertos e há uma procura internacional por intermédio das embaixadas", afirmou Mário Pereira, adiantando que os visitantes estrangeiros são sobretudo oriundos de países da América Latina, Espanha, França e Alemanha.

Os seis órgãos vão tocar uma composição de António Leal Moreira escrita no século XVIII para estes instrumentos e ainda composições de Sebastian Bach e Luigi Boccherini, com arranjos respectivamente de João Vaz e Yves Rechsteiner para os seis órgãos.

José Marques e Silva, Samuel Arnold, François Couperin, Giuseppe Sigismondo integram ainda o repertório do concerto, mas vão ser tocados apenas por alguns órgãos.

O músico João Vaz, que acompanhou o restauro dos órgãos e integra a equipa de investigação que estuda o espólio musical existente na biblioteca do palácio e tem vindo a transcrever as partituras para a actual linguagem musical para voltarem a ser tocadas, disse à Lusa que, no total, existem apenas entre 10 a 20 composições escritas para os seis órgãos.

"Os órgãos participavam apenas na liturgia e os seis órgãos, que ficaram construídos em 1807, tocavam apenas em conjunto nas cerimónias mais importantes. Por outro lado, a partir de 1813, alguns foram desmontados e passaram a ser escritas composições para alguns órgãos", justificou o investigador.

Após um interregno de duzentos anos, os seis órgãos históricos do Palácio de Mafra, únicos no mundo, voltaram a tocar em conjunto desde há três anos, após um restauro de uma década que custou 10 milhões de euros e que foi distinguido em 2012 pela Comissão Europeia com o prémio Europa Nostra.

Os órgãos foram construídos em 1807 pelos organeiros António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes, a pedido de D. João VI, sucessor de D. João V, o qual mandara construir o Palácio Nacional de Mafra.

Com a primeira invasão francesa e o exílio da corte no Brasil, a actividade musical decaiu e os órgãos só voltaram a tocar na segunda década do século XIX com o regresso da família real, altura em que foram reparados, mas o processo não chegou a ser concluído, tendo um dos órgãos ficado desmontado.

O Palácio Nacional de Mafra é visitado por mais de 200 mil turistas por ano.