O presidente da mesa do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), o social-democrata Carlos Carreiras, criticou hoje os que usam os autarcas “para fazer um ataque velado ao poder local”.
“Muitos dos que consideram os autarcas políticos menores, são os mesmos que desprezam o papel das autarquias” no mundo moderno, afirmou o também presidente da Câmara de Cascais, na sessão de abertura do XXII Congresso da ANMP, que hoje e sábado se realiza em Tróia, no concelho de Grândola.
O vice-presidente do PSD alertou que, passados 40 anos sobre a revolução de Abril, “o poder local continua a ter os seus adversários em todos aqueles que têm uma fé inabalável no Estado omnipotente”.
“De cada vez que os inimigos do poder local disserem que os autarcas são despesistas, nós diremos que as câmaras são responsáveis por menos de 2% da dívida mais concretamente 1,8%, da dívida nacional”, apontou Carlos Carreiras.
Para os que acusam os autarcas de não saberem gerir, lembrou que “as câmaras têm ‘superavit’ e o Estado central há décadas que apresenta défice”.
“De cada vez que eles disserem que há clientelismo, nós diremos que as câmaras reduziram os quadros de pessoal duas vezes mais que a administração central”, frisou.
Carlos Carreiras defendeu depois que, após os ciclos da “infraestruturação” (do saneamento básico e estradas) e do “equipamento” (escolas e unidades de saúde), é chegado o momento do “desenvolvimento” (das políticas e cidades inteligentes).
O presidente da mesa do congresso conclui com o voto de que este seja “um congresso de convergência, não de divergência”: “Caso contrário, isso representaria uma derrota para a nossa associação e, especialmente, para todos aqueles que representamos”.
Segundo Carreiras, “o poder local é a expressão mais genuína da cidadania” e, por isso, no município alentejano, rematou com a citação do que para si é “o verdadeiro hino da cidadania: ‘Grândola, vila morena’”.
O XXII Congresso da ANMP reúne-se hoje e no sábado, sob o tema "Afirmar Portugal com o Poder Local", para debater "a perda de autonomia" e a "asfixia financeira" dos municípios