Congresso debate soluções alternativas para preservar praias da Caparica

A discussão de propostas alternativas para recuperação das praias da Caparica, como os recifes submersos ou pontões paralelos à praia, é o objetivo do 2.º Congresso Nacional "Almada Entre Mares", a realizar na quinta-feira, na Costa da Caparica.
 
Organizado pela ALMAR, Associação Cívica de Almada para o Desenvolvimento, o Congresso Almada Entre Mares vai debater-se "A Recuperação e Defesa da Orla Costeira da Costa da Caparica", conta com a participação de professores como Carlos Coelho, da Universidade de Aveiro, e Pedro Bicudo, do Instituto Superior Técnico, investigadores com experiência na recuperação do cordão dunar e da orla costeira.
 
Para o presidente da ALMAR, José Gonçalves Ferreira, é necessário discutir soluções alternativas à política atual, de construção de novos pontões e enchimento das praias, e avaliar a possibilidade de se implementarem soluções alternativas na Costa da Caparica.
 
"Por situações naturais que já vivi, em zonas onde passei férias, designadamente nas Canárias, eu sou um crente nos recifes artificiais submersos, paralelos à praia, que permitem uma quebra da energia das ondas e um amontoar de areia. Naturalmente que são obras que têm investimentos iniciais bastante mais caros", disse à agência Lusa José Gonçalves Ferreira.
 
"A Costa da Caparica tem uma dimensão tal (cerca de 13 quilómetros de areal) que permite criar um ou dois casos experimentais, para verificar qual seria o efeito sem fazer grandes despesas nem grandes investimentos, e recolher informação de que hoje não se dispõe", acrescentou.
 
Além dos recifes submersos e dos pontões paralelos à linha de costa, que podem ajudar a travar o avanço do mar, José Gonçalves Ferreira defendeu, também, a necessidade de se avaliarem algumas soluções que podem criar novas oportunidades turísticas, a exemplo do que já se fez com o afundamento de navios de guerra no Algarve, que permite a criação rápida de uma nova flora e fauna marítimas.
 
"É uma solução que permite desenvolver a oferta de outros produtos turísticos, como a fotografia, o mergulho, ou mesmo a observação da fauna e flora marítimas", frisou.
 
Para o presidente da ALMAR, algumas estruturas submersas também poderiam permitir a formação de "ondas características", o que poderia ser uma vantagem para a prática do surf, modalidade em crescimento na Costa da Caparica.
 
"As medidas que têm sido tomadas até agora têm sido medidas reativas, em que se gastam os fundos públicos sem grande resultado, dado que, passado pouco tempo, a situação acaba por ficar como estava [com o mar a levar de novo a areia]", disse José Gonçalves Ferreira, reiterando a ideia de que é necessário estudar outras alternativas.
 
"Com os equipamentos que temos, com os sistemas informáticos para prever cenários, com a capacidade técnica que existe, não se compreende esta atitude reativa, em que parece que estamos apenas à espera que o mar leve a areia para depois atuarmos", acrescentou o presidente da ALMAR.