As obras de construção de uma nova ponte entre Queluz e Amadora começam em janeiro e deverão estar concluídas em abril, disse hoje à Lusa o vereador responsável pelas obras municipais da Câmara de Sintra.
A ponte do século XVII que liga Queluz à cidade da Amadora foi encerrada em junho por apresentar danos na sua estrutura, prejudicando milhares de moradores que se veem impedidos de aceder ao IC19 através daquele acesso, e dezenas de comerciantes que lamentam quebras de faturação por o local se encontrar vedado.
Inicialmente, o município tinha previsto instalar uma ponte provisória, em terrenos militares, mas o preço cobrado pelo aluguer da infraestrutura e do terreno obrigaram a câmara a procurar outra solução.
"Não podíamos colocar uma ponte provisória pelo preço de uma nova. Este foi um projeto de urgência, sei que foi um incómodo para as pessoas mas foi o possível", explicou o vereador Luís Duque.
A nova ponte vai custar 441 mil euros e ficará apenas a dezenas de metros de distância da antiga, que permanecerá no local, sob a ribeira de Carenque, mas apenas para circulação pedonal. Esta verba contempla ainda a reparação da estrutura da antiga ponte.
Desde junho já encerraram quatro estabelecimentos comerciais e alguns dos que continuam de porta aberta debatem-se com problemas financeiros causados pela diminuição da circulação de pessoas no local.
Segundo Bruno Araújo, proprietário do café Pau de Canela, o encerramento ao trânsito rodoviário na antiga ponte retirou pessoas de uma das zonas que até há poucos meses era uma das mais agitadas da cidade.
"Não passa aqui ninguém. Antes passavam aqui dezenas de autocarros por dia, cheios de pessoas, que esperavam nos terminais e vinham aqui ao café. Perdi mais de cinquenta por cento da minha clientela e hoje apenas a vizinhança entra aqui", constatou o proprietário.
Bruno Araújo adiantou que já pensou em fechar portas: "a esperança de ver as obras a começarem é o que nos faz estar abertos. Mesmo assim não sei se consigo aguentar até à conclusão das obras porque não passa aqui ninguém".
Também a proprietária de um stand automóvel lamentou a quebra de vendas devido à diminuição de circulação de pessoas no local.
"De há sete meses para cá que só vendo um carro de dois em dois meses. E dos mais baratos. Antes de a ponte ser encerrada vendia uns quatro ou cinco por mês. Não passam aqui pessoas. Esta rua passou de uma das mais movimentadas para zero", disse Cristina Correia.
A proprietária do stand, que se encontra naquele local há 26 anos, lamentou o encerramento de vários estabelecimentos comerciais e adiantou que mais lojas se preparam para fechar: "não conseguimos suportar as rendas e os impostos se não conseguirmos vender", disse.