CP rejeita ligação entre redução de comboios na Linha de Cascais e eventual privatização

O presidente do Conselho de Administração da CP, Manuel Queiró, assegurou hoje, na Assembleia da República, que a decisão de reduzir 47 comboios na Linha de Cascais não está relacionada com um eventual processo de privatização daquela via.
 
Manuel Queiró, que foi hoje ouvido no parlamento por requerimento do PS, excluiu qualquer relação entre a redução de comboios e uma eventual privatização daquela linha ferroviária, remetendo para o Ministério da Economia esclarecimentos sobre o assunto.
 
"Esta redução da oferta acontece independentemente de vir ou não vir um processo de privatização. Uma coisa é lógica de gestão, outra coisa é lógica de estratégia. Não tem que se ligar uma coisa com outra", afirmou Manuel Queiró, depois de questionado pela deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua.
 
Os deputados insistiram em saber se há ou não intenção de privatizar a linha e em como está o processo, mas o presidente da CP escusou-se esclarecer.
 
"Tirem a CP destas políticas. À tutela o que é da tutela, à CP o que é da CP. [Sobre] Tudo o que diz respeito às competências da tutela, a CP não diz nada. Quer a aquisição de material circulante, quer a privatização, são questões da tutela", disse Manuel Queiró, depois de questionado deputada do PS Ana Paula Vitorino.
 
Desde 18 de janeiro que a Linha de Cascais passou a ter menos 51 comboios - os que faziam o trajeto rápido entre as 10:00 e as 17:00 - e novos horários de circulação.
 
Na Linha de Cascais, que liga a vila ao Cais do Sodré, em Lisboa, passando ainda por Oeiras, circulavam 251 comboios por dia e agora circulam 200.
 
No entanto, após reuniões com a autarquia de Cascais, a CP decidiu repor quatro comboios a partir de 01 de fevereiro.
 
Manuel Queiró reiterou hoje que a decisão teve por base "um estudo" à procura registada naquela linha férrea, do qual se constatou que o volume total de passageiros fora da hora de ponta não justificava a frequência de comboios rápidos, e também a intenção de poupar o material circulante.
 
Dados da CP revelam que dos 80.250 passageiros por dia útil, apenas cerca de 19.000 viajam em período fora das horas de ponta (10:00 às 17:00 e após as 20:00). Cerca de 80% dos clientes portadores de passe ou assinatura mensal viajam nos períodos de hora de ponta, nos quais a oferta não é alterada e, por fim, a capacidade de lugares oferecidos cobre o volume da procura.