David Bowie: Músicos e fãs recordam músico icónico e visionário

Admiradores e amigos lamentaram hoje a morte de David Bowie, que consideraram como "o artista extraordinário", o visionário "inspirador", "mestre da reinvenção" e que ajudou a derrubar muros, mantendo a genialidade até ao fim.
 
A morte do músico britânico foi anunciada hoje pela família e em pouco tempo os media e as redes sociais foram inundadas com mensagens e tributos a uma figura influente da cultura ocidental. Morreu David Jones, mas o legado David Bowie sobreviverá.
 
Misterioso até ao fim, David Bowie morreu vítima de cancro, dois dias depois de ter celebrado 69 anos com a publicação do álbum "Blackstar". "Desce a cortina sobre um extraordinário inovador musical e um icone", escreve a Agência France Presse.
 
A morte do músico suscitou uma avalanche de mensagens na Internet. No Twitter registaram-se três milhões de mensagens até às 12:30.
 
Os Rolling Stones lamentam o desaparecimento de "um artistas extraordinário" e Iggy Pop recorda a amizade com Bowie como "a luz" da vida dele. Madonna disse ter ficado "devastada", enquanto Kanye West e os Pixies admitiram a reverência ao músico.
 
Para o produtor Tony Visconti, a vida e a morte de David Bowie foram "uma obra de arte" e o álbum "Blackstar" o presente que o músico quis deixar aos fãs. "Por agora, é aceitável que se chore", escreveu no Facebook.
 
Da Alemanha chegou um agradecimento por David Bowie ter ajudado a derrubar o muro de Berlim, como escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros no Twitter, apelidando-o de "herói".
 
Foi na Alemanha dividida, onde viveu uma temporada na década de 1970, que David Bowie gravou os álbuns "Low", "Heroes" e "Lodger", com Brian Eno, apelidada de trilogia de Berlim.
 
Com uma carreira que abriu caminhos no glam rock, no rock alternativo, na música eletrónica, na moda e nas artes visuais - possível de constatar numa retrospetiva organizada pelo Victoria and Albert Museum -, David Bowie teve várias vidas, de Ziggy Stardust a Thin White Duke.
 
Com 25 álbuns na discografia, como "Scary Monsters" e "The man who sold the world", o músico chegou ao topo da indústria em 1972 com “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spider From Mars”. Estima-se que tenha vendido no total cerca de 140 milhões de discos em todo o mundo.
 
A morte do criador de "Space Odity" e "Life on Mars" também foi lamentada no espaço, com uma mensagem enviada pelo astronauta Tim Peake a partir da Estação Espacial Internacional.
 
O músico deu apenas dois concertos em Portugal: a 14 de setembro de 1990, no estádio de Alvalade, e a 23 de junho de 1996, no festival Super Bock Super Rock, e terá sido nessa altura que passou férias em Sintra. A última atuação pública remonta a 2006.
 
David Bowie era casado desde 1992 com a modelo somali Iam, com a qual teve uma filha, Alexandria Zahra “Lexi” Jones. Tem outro filho, Duncan Jones, fruto de um primeiro casamento com Angela Bowie.
 
"Blackstar", o álbum que editou na sexta-feira, terá sido o último capítulo de um "legado vastíssimo" que o músico deixa após a morte, premonitório sobre uma doença sobre a qual nunca falou, como afirmaram à agência Lusa o jornalista Nuno Galopim e o radialista Álvaro Costa.
 
Na opinião de Nuno Galopim, agora, depois de se saber da morte, todo o quadro de mensagens subliminares podem ser encontradas em "Blackstar". "Isto, porque agora temos a notícia que nos estava vedada. Não houve premonições, apesar de estarem lá claramente mostradas nas letras das canções e nas imagens dos telediscos", sublinhou.