Direção das urgências do Amadora-Sintra ameaçou demitir-se mas caso foi resolvido

A direção das urgências do hospital Amadora-Sintra ameaçou demitir-se há cerca de duas semanas, altura em que se registou um pico na afluência àquele serviço, situação que a administração daquela unidade hospitalar garantiu já ter sido ultrapassada.

O jornal i avançou na segunda-feira, na sua edição online, que a direção do serviço de urgência do hospital Amadora-Sintra pediu a demissão "por entender que as atuais condições de trabalho colocam em risco a qualidade mínima no atendimento e a vida dos doentes".

Contactada pela agência Lusa, fonte da administração do hospital confirmou que a direção das urgências pediu a demissão há cerca de duas semanas, mas que a questão "foi ultrapassada" por várias medidas aplicadas e que a equipa "continua em funções".

A mesma fonte explicou que o hospital Fernando da Fonseca, mais conhecido como Amadora-Sintra, chegou a registar picos nas urgências, para onde estavam destacados 18 médicos, de cerca de 600 pessoas por dia.

Ainda de acordo com a mesma fonte, a administração, depois da ameaça da demissão, conseguiu mobilizar para as urgências médicos de outros serviços.

Os picos registados, disse a fonte hospitalar, deveram-se sobretudo a casos de gripe. No dia "mais grave" chegou a registar-se uma espera de 20 horas, para os casos menos graves. Desde quinta-feira, o hospital tem registado cerca de 400 atendimentos nas urgências por dia.

Na segunda-feira, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) atribuiu os atrasos no atendimento dos serviços de urgência nas últimas semanas à carência de recursos humanos ou à aproximação de um eventual pico gripal.

"Poderá justificar-se esta situação com uma eventual fusão de serviços de urgência de grandes hospitais que têm como consequência uma menor capacidade de responder depois a um acréscimo pontual de doentes", afirmou, em declarações à Lusa, Marta Temido, presidente da APAH.

De acordo com a presidente da Associação a falta de recursos humanos das equipas "tem de ser avaliada caso a caso", acrescentando que as causas dos problemas de uns hospitais podem não ser as mesmas de outros.

A presidente da APAH lembrou ainda que, em janeiro, os picos de gripe fazem com que haja "anualmente situações relatadas de grande afluência às urgências e perturbação do normal funcionamento".

No início da semana passada, as urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, registaram um afluxo anormal de pessoas aos seus serviços, mais de 30% acima do normal, assim como as urgências do Hospital de São João, no Porto, e do Hospital das Caldas da Rainha, ambos com um tempo de espera de algumas horas.

Num comunicado hoje divulgado, o Ministério da Saúde garante que, "contrariamente ao noticiado, não há roturas nos serviços de urgência do SNS [Serviço Nacional de Saúde], embora haja, como ocorre sempre, naturalmente, nesta época do ano, aumentos dos tempos de espera nas gravidades 'verdes' e 'amarelas'".

A tutela assegura que "os casos referidos pela Comunicação Social nos últimos dias são pontuais e não uma realidade uniforme ao longo do território" e que, "depois de confirmados e se a procura persistir, serão tratados com medidas apropriadas e que são adotadas todos os anos".

De acordo com o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, a atividade gripal em Portugal foi "moderada" na primeira semana deste ano, tendo conduzido a seis casos de admissão em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) nos hospitais que reportam informação para a vigilância epidemiológica da gripe.

O Boletim divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, revela que na primeira semana do ano (entre 30 de dezembro de 2013 e 05 de janeiro deste ano), a proporção de doentes admitidos em UCI foi de 7,2%, "superior ao valor estimado na semana anterior".