Discussão pública de plano para nova área comercial em Sintra alargada até janeiro

A Câmara de Sintra vai alargar até 09 de janeiro a consulta pública do Plano de Pormenor da Abrunheira Norte (PPAN), que prevê mais uma grande superfície comercial junto ao IC19, anunciou o presidente da autarquia.
 
A consulta pública do PPAN devia terminar a 12 de dezembro, mas Basílio Horta (PS) anunciou, em declarações à agência Lusa, que, na sequência de um pedido do presidente da União de Freguesias de Sintra, o prazo vai ser “prolongado até 09 de janeiro” de 2015.
 
A proposta do PPAN prevê a construção em cerca de 70 hectares, no final do Itinerário Complementar 19 (Lisboa-Sintra), de uma área comercial da Sonae, serviços, hotéis, clínica privada e parque urbano e de lazer, a “Sintra dos Pequeninos”, com miniaturas de monumentos da vila.
 
“Temos de escolher entre aquilo ficar deserto e continuar como está ou fazer ali um investimento que as pessoas gostem. Estamos a pensar num parque urbano com 20 hectares, que não há ali”, afirmou o autarca, acrescentando que vai tentar reduzir a área destinada a comércio.
 
Basílio Horta salientou que “os sintrenses têm de escolher em consciência", para depois a câmara decidir, "sempre ouvindo toda a gente".
 
"Se chegarmos à conclusão que nada deve ser feito ali, nada será construído”, frisou Basílio Horta, embora salientando que o investimento vai “criar 1800 postos de trabalho”.
O alargamento do período de discussão pública foi pedido por moradores e autarcas numa recente sessão de esclarecimento, na escola básica da Abrunheira, por considerarem que o PPAN não afeta apenas esta localidade, mas também a vila de Sintra.
 
Uma moradora no concelho, Catarina Pinto, salientou como pontos positivos do plano a requalificação das ribeiras e a criação de um parque público, mas considerou o projeto “inapropriado” pela elevada volumetria de construção no acesso à vila classificada património mundial.
 
Esta moradora, que é arquiteta, promove a petição “Exigimos que não seja permitida a construção da ‘cidade da Sonae’ em Sintra”, na Internet (www.change.org), com mais de 1500 assinaturas, alertando que “o impacto paisagístico das grandes construções em betão é negativo e irreversível no enquadramento da Serra de Sintra”.
 
A CDU de Sintra também já se manifestou contra o PPAN, por entender que mais uma grande superfície junto ao IC19 constituirá um exemplo “de pesada densificação do tecido urbano do concelho”.
 
“O IC19, neste momento, já está saturado, com o acesso a áreas comerciais existentes na zona, e com este plano as condições de circulação vão ser agravadas para os habitantes destas freguesias”, vincou Paula Borges, da concelhia da CDU.
 
O PPAN representa um investimento estimado “de 125 milhões de euros”, segundo a direção municipal de Ambiente, Planeamento e Gestão do Território da Câmara de Sintra.