Empresa de Sintra acusada de despedir delegado sindical alega 'ajustamento organizacional'

A empresa de distribuição alimentar Frustock, de Sintra, reagiu hoje à acusação de despedimento de um funcionário delegado sindical, alegadamente por ter marcado um plenário de trabalhadores, argumentando que este “se enquadra no ajustamento organizacional e funcional” da unidade.
O processo relativo ao funcionário enquadra-se “no ajustamento organizacional e funcional da empresa decorrente da otimização dos seus sistemas informáticos que tem vindo a ser progressivamente implementado”, avança a Frustock, situada na Abrunheira, Sintra, em comunicado hoje enviado à agência Lusa.
Segundo disse na quinta-feira à Lusa Rui Matias, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), afeto à CGTP-IN, o delegado sindical "teve a audácia, na perspetiva do patrão, de querer marcar um plenário de trabalhadores, divulgando um comunicado em que incentivava à adesão" a essa reunião, tendo, no próprio dia, recebido "uma carta, em mãos, a dizer que o seu posto de trabalho estava extinto".
Para justificar o despedimento, de acordo com o sindicalista, a empresa terá argumentado que o delegado sindical tem ausências injustificadas do seu posto de trabalho e que "abusou da lei sindical relativamente ao crédito de horas”.
Sobre a intenção de extinguir o posto de trabalho do funcionário, a Frustock afirma que “é um processo que se encontra em curso, sendo que os motivos que estiveram na origem do mesmo foram enviados, em tempo, para o funcionário em questão e também para o sindicato”.
A empresa acrescenta ainda que “foi com surpresa” que tomou conhecimento “dos motivos invocados pelo SINTAB (faltas injustificadas decorrentes da atividade sindical, o que não corresponde à verdade), uma vez que o SINTAB teve pleno acesso ao referido processo, não constando do mesmo tal motivo”.
Por último, sublinha que “respeita e sempre respeitou todas as organizações sindicais, disponibilizando-se desde sempre para o diálogo construtivo com as mesmas”, pelo que “não compreende as declarações prestadas à comunicação social”.
A empresa refere-se, neste ponto, ao que disse à Lusa o dirigente sindical Rui Matias: “Foi a primeira vez que tentámos marcar um plenário na empresa, na Frustock e, logo no dia a seguir, o delegado foi automaticamente despedido”.
O dirigente do SINTAB indicou que, a 17 de maio, às 10:30, haverá uma concentração à porta da empresa, convocada pela CGTP-IN, com a União dos Sindicatos de Lisboa.