Escolas de Sintra contornam queda demográfica e evitam fecho

O concelho de Sintra escapou ao fecho de escolas do ensino básico no próximo ano letivo, mas o encerramento do jardim-de-infância de Albogas, em Almargem do Bispo, é encarado como um aviso para um futuro incerto.

"As escolas não fecharam porque se conseguiram adaptar com os alunos que existem para a criação das turmas", disse à agência Lusa o vice-presidente da autarquia, Rui Pereira (PS).

A escola de Albogas, na união das freguesias de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar, já só funcionava como jardim-de-infância e, por isso, o seu encerramento é olhado com resignação.

"Não há crianças", confirmou o presidente da união de freguesias, Rui Maximiano, que viu fechar o estabelecimento de Albogas e manter-se o jardim-de-infância em Camarões.

"Tem a ver com a ausência de condições para assegurar a residência dos jovens e nota-se uma tendência para a saída do concelho", adiantou o autarca, que atribui à limitação à construção na zona rural para a redução da natalidade na freguesia.

O concelho de Sintra não teve escolas do 1.º ciclo do ensino básico na lista divulgada, em junho, pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) para fechar portas em 2014-2015.

A câmara, no entanto, identificou dificuldades na formação de turmas em cinco escolas, que poderiam levar ao fecho no novo ano letivo.

"O concelho de Sintra tem uma situação de risco demográfico e de perda de alunos", admitiu o vereador Rui Pereira, que estima que, "nos últimos quatro, cinco anos, Sintra perdeu 500 alunos por ano".

Os problemas colocam-se principalmente ao nível dos primeiros anos do ensino básico, já que no pré-escolar o concelho tem vindo a recuperar as crianças que nos últimos anos não tinham vaga nos estabelecimentos do município, notou o vereador da Educação.

As crianças do primeiro ciclo no Ral foram deslocadas para Lourel, sem contestação porque as duas escolas distam só dois quilómetros. Em compensação, confirmou a diretora do Agrupamento de Escolas D. Carlos I, foi autorizada a abertura de uma segunda sala de pré-escolar no Ral.

Uma dirigente do Agrupamento de Escolas Monte da Lua revelou que Ranholas e Galamares também conseguiram o número de alunos suficientes para a formação de turmas.

A EB1Terrugem 2, na Godigana, também se mantém aberta no próximo ano letivo, com duas turmas, confirmou fonte do Agrupamento de Escolas do Alto dos Moinhos.

"É uma vitória da associação de pais e das populações, com o apoio da junta de freguesia", comentou o presidente da União de Freguesias de São João das Lampas e Terrugem, Guilherme Ponce de Leão, que criticou a intenção de deslocar alunos depois do investimento na Godigana.

"Para algumas escolas foi muito importante a reação que os pais tiveram", admitiu Rui Pereira, garantindo que a câmara está ao lado das populações, mas o problema demográfico pode agravar a situação nos próximos anos.

O MEC anunciou em junho a decisão de encerrar 311 escolas do 1.º ciclo e a sua integração em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, mas a lista divulgada na altura não incluía qualquer escola no concelho de Sintra.