O espetáculo "Ary, o poeta das canções", que assinala os 40 anos da Revolução de Abril e, simultaneamente, evoca o poeta José Carlos Ary dos Santos, nos 30 anos da sua morte, está em cena quinta-feira, em Cascais.
O espetáculo "recria canções históricas como 'Tourada', 'Canção de Madrugar', 'Estrela da tarde', 'O cacilheiro', 'Retalhos da vida de um médico', com novos arranjos, com recurso a diferentes linguagens, géneros e estéticas musicais, desde a música clássica e contemporânea, ao jazz, passando pelo fado, claro está", adiantou à Lusa o seu produtor, Joaquim Lourenço,
Do Centro Cultural de Cascais, nas Casas do Gandarinha, o espetáculo seguirá para o Cine-Teatro Caracas, em Oliveira de Azeméis, na sexta-feira, e no sábado estará em cartaz no Cine-Teatro Granadeiro, em Grândola.
Ao palco sobem o cantor QuimZé Lourenço, com João Guerra Madeira, ao piano, Naná Sousa Dias, em saxofones e flauta, Pedro Amendoeira, na guitarra portuguesa, e ainda a bailarina Catarina Gonçalves, que assina a coreografia. A cenografia e efeitos multimédia são da responsabilidade de Nuno Guedelha.
"Poeta maior da música portuguesa, Ary dos Santos continua hoje a ser cantado e a ele se devem alguns dos maiores sucessos de sempre da música portuguesa como 'Cavalo à solta', 'Desfolhada Portuguesa', 'Lisboa, menina e moça', 'Os putos', 'Alfama', para citar alguns interpretados por algumas das nossas maiores vozes como Amália Rodrigues, Simone de Oliveira, Fernando Tordo e Carlos do Carmo", disse Joaquim Lourenço
Até final do ano, o espetáculo irá estar em cartaz em Coimbra, Oeiras, Portalegre, Beja, Aveiro, Évora, Alcochete, Cartaxo, Vila Velha de Rodão, Miranda do Corvo, Tábua, Porto e Lisboa, disse à Lusa Joaquim Lourenço.
O espetáculo "Ary o poeta das canções" foi estreado em maio passado no Teatro da Malaposta, em Olival de Basto, Odivelas, nos arredores de Lisboa.
Ary dos Santos foi criativo na agência de publicidade Espiral, e militante ativo do Partido Comunista Português, ao qual, entre outras, dedicou a poesia "Cravo de Abril". O PCP é, aliás, detentor do espólio do poeta.
Sobre Ary dos Santos, o atual presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, José Jorge Letria, afirmou que "foi um homem do excesso e da transgressão, um poeta que esteve presente nas canções, na publicidade, na política, que escrevia para revista, mas acima de tudo um grande poeta que usou as palavras de modo único e inimitável".