A estreia moderna da serenata “Il Natal di Giove”, de João Cordeiro da Silva, é uma das proposta artísticas das “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie”, no Palácio de Queluz, que se iniciam na próxima quarta-feira.
O ciclo “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie”, sob a direção artística do maestro Massimo Mazzeo, totaliza sete concertos, que se realizam de 27 de setembro a 29 de outubro, nas salas do Trono e da Música do Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa.
Em comunicado, a empresa de capitais públicos Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) afirma que este ciclo propõe “repertórios criteriosamente ajustados ao contexto histórico do palácio, numa viagem pelas sonoridades do período setecentista e do [denominado] primeiro romantismo”.
A Orquestra Barroca da Casa da Música, sob a direção artística de Laurence Cummings, abre o ciclo, no dia 27, com um concerto intitulado “De Viena, (não só) com humor”, no qual serão interpretadas obras de Mozart e Haydn.
A capital austro-húngara volta a ser mote do concerto de dia 13 de outubro, “Um serão em Viena no tempo de Beethoven”, por Marco Testori (violoncelo) e Costantino Mastroprimiano (pianoforte), que apresentam um programa composto por peças do compositor nascido em Bona, em 1770, entre elas, as Sonata 01 e 02, opus 05, compostas em 1796, dedicadas a Frederico II da Prússia.
No Dia Mundial da Música, 01 de outubro, atua o barítono Thomas E. Bauer acompanhado ao pianoforte por Jos van Immerseel.
O recital intitula-se “A ‘Sehnsucht’ romântica vista por Beethoven e Schubert”, que explora o conceito de “desejo” e “aspiração” no contexto do romantismo, e inclui a interpretação de “À bem-amada distante”, de Beethoven e das canções de Heine do “Canto do Cisne”, de Schubert.
No dia 06 de outubro, o ensemble Il Suonar Parlante apresenta “Bárbaro Barroco - o centro e as exóticas periferias”, que segundo a PSML, é “um concerto com duas facetas, uma abordagem a três músicos alemães do Barroco onde a viola da gamba ocupa um lugar de destaque, e uma segunda parte com sonoridades de inspiração cigana e da Europa Oriental”.
Il Suonar Parlante é dirigido por Vittorio Ghielmi, tocador de viola da gamba, e constituído ainda por Alessandro Tampieri e Nicolas Penel (violinos), Laurent Galliano (violeta), Marco Testori (violoncelo), Riccardo Coelati Rama (contrabaixo), Marcel Comendant (címbalo) e Shalev Ad-El (cravo).
O ensemble Il Sogno Barroco, sob a direção do violinista Paolo Perrone, no dia 22 de outubro, apresenta sonatas de Domenico Scarlatti, compositor italiano que foi professor da infanta portuguesa Maria Bárbara, filha do rei João V, mas também de Arcangelo Corelli, Georg Friedrich Händel e Carlo Lonati.
O pianoforte de Queluz, que desde 1941 faz parte das coleções do palácio, e que “foi alvo de um delicado e moroso trabalho de reacerto mecânico e de reafinação”, em 2014, é o protagonista do recital de dia 27, “Os alvores do Romantismo em Portugal”, pela pianista espanhola Laura Fernández Granero que se estreia em Portugal.
O programa do concerto é constituído por sonatas, danças e variações de João Domingos Bomtempo (1775-1842) e Muzio Clementi (1752-1832), “dois compositores que foram amigos”.
A serenata “Il Natal di Giove”, de João Cordeiro da Silva encerra o ciclo no dia 29 de outubro, uma estreia moderna desta composição que foi ouvida no Palácio de Queluz, pela primeira vez a 21 de agosto de 1778, por ocasião do 17.º aniversário do infante José Francisco, primogénito de Maria I e Pedro III.
A serenata é interpretada, na sala do Trono, pela orquestra Divino Sospiro, sob a direção de Riccardo Doni.
João Cordeiro da Silva (1735-1808), segundo nota da PSML, foi um dos principais compositores entre 1755 e 1807, e além de “Il Natal di Giove” (“O nascimento de Júpiter”), sobre libreto de Pietro Metastasio, compôs, entre outras peças, a ópera “Lindane e Dalmiro”, cuja estreia moderna ocorreu em maio do ano passado no salão nobre do Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa, sob a direção do maestro João Paulo Santos
O ciclo “Noites de Queluz” contou com 1.460 espetadores em 2016, segundo a PSML, que realçou que a capacidade das salas onde decorreram os concertos varia entre os 150 e 200 lugares.