Exposição 'Ó Calinas, cala a boca', em Lisboa, evoca ator Henrique Viana

O ator Henrique Viana, “que atravessou gerações”, falecido há seis anos, é evocado numa exposição a inaugurar segunda-feira, em Lisboa, disse à Lusa Miguel Villa, coordenador da mostra.
A exposição, intitulada “Ó Calinas, cala a boca”, evoca umas das “personagens de maior sucesso” do ator e estará patente na sede da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho, em Lisboa, até 18 de maio.
“A carreira [de Henrique Viana] foi tão grande e longa, que se tornou muito difícil selecionar o material e até contextualizá-lo e datá-lo”, disse à Lusa Miguel Villa, estudioso de teatro que tem organizado exposições idênticas, nomeadamente sobre os atores Laura Alves, Ivone Silva e José Viana.
A atriz Alina Vaz, com quem Henrique Viana se estreou, em 1956, na peça “Amanhã há récita”, de Varela Silva, disse à Lusa que este foi “um ator seguro, que talvez se tenha fixado excessivamente a partir de determinada altura na personagem que fez, o Calinas, ou talvez a personagem se tenha colado excessivamente a ele, até por exigência do público ou dos diferentes encenadores e diretores”.
“Trabalhei muito com o Henrique [Viana] e muitas vezes ele fez de meu amante, como no tele-romance, ‘Chuva na areia’, de Sttau Monteiro, ou no filme 'A maluquinha de Arroios', de Henrique Campos”, de 1970, recordou a atriz.
A exibição deste filme consta da programação paralela da exposição, assim como “muito do trabalho que Henrique Viana fez em televisão”, disse Miguel Villa.
O coordenador da mostra afirmou à Lusa que a exposição “reúne desde o cartão de sócio do Benfica do ator, aos óculos, passando pela peruca que usou para a personagem Calinas”.
A exposição inclui fotografias, cartazes, programas de sala, adereços e até contratos do ator que fez teatro, cinema e televisão.
Em cinema o ator trabalhou com realizadores como Pedro Martins, João Botelho, João César Monteiro, Luís Filipe Rocha, Margarida Gil, Eduardo Geada, João Mário Grilo e José Fonseca e Costa, entre outros.
No teatro estreou-se na revista, em 1967, em “Sete Colinas”, de César de Oliveira, Rogério Bracinha e Paulo Fonseca, no Teatro Variedades, em Lisboa.
Foi um dos fundadores do Teatro do Nosso Tempo, onde protagonizou “O Porteiro”, de Harold Pinter. Integrou, entre outras companhias, o Teatro da Estufa Fria, e a companhia do Teatro Villaret, ao lado de Raul Solnado, onde alcançou êxitos com peças como “O Vison Voador”, de Ray Cooper.
“Outra peça, no Villaret, que fizemos os três, o Henrique [Viana], o Raul [Solnado] e eu, com grande sucesso, e que esteve meses em cartaz, foi ‘A tocar é que a gente se entende’, encenada pelo saudoso Paulo Renato”, recordou Alina Vaz.
Na televisão Henrique Viana participou e protagonizou várias séries, entre as quais a versão portuguesa do clássico norte-americano da comédia, "Sozinhos em casa", com Miguel Guilherme, e “O Segredo”, a última em que participou, uma coprodução da RTP com a Rede Bandeirantes, do Brasil, concluída no ano em que o ator morreu.