Exposição, textos e filmes com John Berger em foco no Festival do Estoril

O escritor e artista britânico John Berger, 89 anos, vai ser alvo de uma exposição inédita, leituras e exibição de filmes, durante o Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST), cuja programação decorre até 15 de novembro.
 
O conjunto de iniciativas do festival dedicado ao escritor e artista começa no domingo com a inauguração, no Teatro Nacional D. Maria II, de uma exposição de correspondência pictórica entre a pintora Yvonne Barlow e John Berger.
 
No mesmo dia, John Berger e outros convidados vão ler textos do escritor, e o pianista Piotr Anderszewski e a cantora Yasmine Hamdam encontram-se para uma sessão conjunta.
 
Durante o LEFFEST serão ainda exibidos dois filmes de Alain Tanner, com argumento de John Berger - "A Salamandra" e "Jonas, que completa 25 anos no ano 2000" -- e a série da BBC "Ways of seeing", escrita em parte por Berger, e que daria origem ao livro homónimo ("Modos de Ver", publicado em Portugal pelas Edições 70), tornando-se uma influente obra na crítica de arte.
 
Lisboa é um dos lugares de memórias do autor, descritas no livro "Aqui nos encontramos", onde surge a passear com uma mulher que encontra debaixo da grande árvore do Príncipe Real e que reconhece como sua mãe, já falecida, e que o leva a passear pela cidade.
 
Berger escreveu também sobre Lisboa num artigo publicado no jornal espanhol El País, onde cita o poeta Fernando Pessoa, fala sobre a saudade, os vestígios do passado imperial português, em odores de especiarias na comida, a destruição deixada pelo terramoto de 1755 e os tradicionais elétricos amarelos, além dos Painéis de S. Vicente, de Nuno Gonçalves.
 
A minissérie criada para a BBC - que levanta questões sobre a tradição da arte ocidental, procurando interpretar os seus aspetos contraditórios -, passará na íntegra às 18:00 do dia 12 de novembro, na sala 3 do Medeia Monumental, em Lisboa.
 
Nascido em Londres, em 1926, John Berger é considerado um dos maiores escritores do último meio século, possuindo uma vasta obra que se estende pela ficção narrativa, pela poesia e pelo ensaio, sobretudo no campo da arte.
 
É também argumentista - tendo trabalhado com Alain Tanner - e crítico, com presença regular na 'short-list' do Booker Prize, que venceu em 1972, com o romance "G".
 
Em Portugal estão também traduzidos um livro sobre Dürer (pela editora Taschen), e ainda "E os nossos rostos meu amor, Fugazes como Fotografias" (Edições Quasi), "De A Para X" e "Aqui nos Encontramos" (ambos pela Civilização Editora).
 
A sua obra plástica tem vindo a ser apresentada em Portugal, nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, onde participou numa mostra coletiva de 15 artistas intitulada "Assinaturas do Invisível".