A ideia de deslocalizar as instalações da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Cruz Quebrada para o Estádio Universitário, em Lisboa, começou a ser veiculada no ano passado, nas cerimónias comemorativas do 77.º aniversário daquela instituição de Ensino Superior.
Com raízes no Jamor desde a criação do Instituto Nacional de Educação Física (INEF), em 1940, a FMH, assim designada desde 1989, faz parte da Universidade de Lisboa (UL) – que resultou da fusão, concretizada em 2013, entre as universidades Técnica e Clássica de Lisboa. Foi na sequência dessa fusão e em nome do aproveitamento de sinergias que a deslocalização para a capital ganhou forma, num contexto em que o Estádio Universitário joga um papel fundamental.
“O decreto de fusão dessas duas universidades integrou o Estádio Universitário na Universidade de Lisboa (antes disso, era um espaço do Estado para apoio ao desporto universitário). A partir desse momento, tendo a nossa universidade instalações próprias para a prática desportiva e sendo um espaço onde vai muita gente praticar desporto, onde vão muitos clubes, muitas associações, onde há espaços diversificados para gerir, não faz sentido, de facto, que isso não seja feito pela própria Universidade de Lisboa e, mais concretamente, pela sua faculdade que está ligada ao Desporto”, explica José Alves Diniz, presidente do estabelecimento de Ensino Superior da Cruz Quebrada.
Pelo contrário, a mudança que está na forja faz sentido em múltiplas vertentes, reforça aquele responsável. Desde logo, porque passaria a ser a FMH a gerir os espaços que hoje funcionam no Estádio Universitário através de concessões a empresas privadas (piscina, campos de ténis, golfe…) – o que permitiria, portanto, uma maior rentabilização dos mesmos em benefício das receitas da UL. “Mas também para que os nossos estudantes, seja através dos estágios (tanto da parte desportiva como dos alunos que estão a preparar-se para treinadores) ou da parte da Gestão do Desporto, possam participar activamente na gestão desses espaços” – o que não acontece na Cruz Quebrada, onde muitas das estruturas não são da faculdade, mas sim do Complexo Desportivo Nacional do Jamor.
Defendida a tese, falta passar da teoria à prática. E para que a deslocalização da FMH se concretize é preciso investir “entre oito a dez milhões de euros” em obras a efectuar na zona do Estádio Universitário. Concretamente, na construção de dois edifícios para acolherem o que não existe naquele centro desportivo de Lisboa: salas para aulas, gabinetes para os serviços de administração, espaços para ginástica (desportiva e rítmica) e estúdios de dança, para além de anfiteatros e laboratórios.
“Porque não se coloca a questão de ir para lá sem levar tudo o que já aqui se faz, uma vez que o objectivo é responder à nossa necessidade de expansão e à nossa capacidade de termos mais alunos”, frisa José Alves Diniz.
Jorge A. Ferreira