A Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) defendeu hoje que estão garantidas as condições de segurança na circulação do Metropolitano de Lisboa, apesar das "políticas de desorçamentação e desinvestimento" seguidas pela administração da empresa.
A dirigente sindical Anabela Carvalheira, que falava à agência Lusa a propósito da notícia avançada pelo Jornal de Notícias sobre o desmantelamento pelo Metropolitano de Lisboa de um sistema de segurança e condução automática que custou 20 milhões de euros, contra pareceres internos, disse estar "preocupada" com a situação, mas não surpreendida.
"Isto não é novo, mas importa dizer que a segurança do metro está a ser garantida pelos seus trabalhadores já há muito tempo, apesar das políticas de desinvestimento levadas a cabo pelo conselho de administração da empresa", afirmou.
O Jornal de Notícias adianta hoje que o Metropolitano de Lisboa mandou retirar um sistema inteiro de segurança e condução automática das composições, que dispensava a intervenção direta do condutor.
Este sistema (ATP/ATO -- Automatic Train Protection/Automatic Train OPeration) terá sido arrancado da Linha Vermelha (entre São Sebastião e o Aeroporto) porque a empresa não mostrou disponibilidade para estender o mecanismo às novas estações até ao aeroporto da Portela, como defendiam relatórios elaborados internamente.
O jornal destaca ter tido acesso a vários documentos, cedidos por fontes ligadas ao metro, onde se alertava para as questões de segurança e para o facto de esta estrutura de transportes estar a tornar-se obsoleta.
Em declarações à Lusa, a dirigente da FECTRANS salientou que esta situação não "é nova, nem é uma surpresa".
"Trata-se de políticas de desorçamentação, de investimentos feitos sem que ninguém seja responsabilizado por eles e que levaram a esta dívida estrutural no metro. Obviamente que quem faz um investimento tão grande como o do mecanismo como o ATP/ATO tinha de perceber que deveria dar continuidade ou então este investimento não fez qualquer sentido", disse.
No entender da dirigente sindical, apesar das políticas eleitoralistas ou de desinvestimento ninguém vai ser responsabilizado.
Anabela Carvalheira explicou que o Metropolitano de Lisboa não sofre qualquer investimento desde o anterior governo.
"O material gasta-se, as coisas vão-se tornando obsoletas. É como na nossa casa, se não renovarmos os equipamentos e não fizermos manutenção adequada, as coisas vão ficando gastas e usadas. Até hoje não houve problemas no metro por causa da competência dos trabalhadores e do seu envolvimento para que as coisas corram bem", disse.
A dirigente da FECTRANS deixou ainda um alerta quanto à intenção de privatização da empresa, salientando que "tudo vai piorar".
"Privatizar ainda vai piorar mais a situação. Um investidor privado não vem para investir mas para retirar lucro. Cada vez vamos ter menos material, menos manutenção e menos trabalhadores", concluiu.
Contactado pela Lusa, o Metropolitano de Lisboa remeteu um esclarecimento para mais tarde.