Ao fim de trinta anos, o Festróia - Festival Internacional de Cinema de Setúbal cancelou a edição de 2015 por falta de verbas, explicou à agência Lusa a diretora, Fernanda Silva.
"Não temos verbas suficientes para fazer um festival digno. Até aqui fomos conseguindo, mas agora não. Perdemos o apoio de fundos europeus, da Europa Criativa", afirmou a diretora do festival.
O Festróia, um dos mais antigos festivais portugueses de cinema e o mais importante da região de Setúbal, deveria cumprir a 31ª. edição na primeira semana de junho, mas a direção decidiu-se pelo cancelamento, por só ter cerca de metade dos 200.000 euros necessários à concretização.
Segundo Fernanda Silva, estavam assegurados apoios financeiros por parte da autarquia de Setúbal e do Instituto do Cinema e Audiovisual, a par de apoios pontuais de outras entidades da região, mas "de apoio privados o festival teve zero".
"Setúbal é uma região pobre, passa por dificuldades e a cultura também começa a levar pancada nesta zona. Dei o meu melhor e estarei por aqui, mas infelizmente é assim", lamentou a diretora do Festróia.
Fernanda Silva disse que "os apoios europeus também sofreram cortes e estão cada vez mais dificultados. São apoiados menos festivais portugueses e o Festróia que recebia sempre o apoio máximo [75.000 euros], desta vez não teve apoio. Não se percebe".
Em 2014, no Festróia, o Golfinho de Ouro foi atribuído ao filme ‘As crianças do sacerdote’, de Vinko Bresan (Croácia/Sérvia), tendo ainda sido homenageado o produtor português Paulo Branco.
O realizador Hans Petter Moland conquistou o Golfinho de Prata de melhor realizador, pelo filme "Em ordem de desaparecimento", da Noruega.
Durante dez dias, o festival exibiu quase duzentos filmes e dedicou parte da programação ao cinema alemão.
Habitualmente, a programação contemplava ainda primeiras obras, cinema para os mais novos e uma secção dedicada ao ‘Homem e a natureza’.
O festival Festróia, que atribuía anualmente o prémio Golfinho de Ouro, teve a primeira edição em 1985.