Frederico Morais sagra-se bi-campeão nacional de surf

O cascalense Frederico Morais, de 23 anos, sagrou-se campeão nacional de surf 2015. “Kikas”, como é conhecido, conquistou o seu segundo título nacional sem sequer entrar na água neste terceiro dia do Montepio Cascais Pro, uma vez que foi ontem eliminado na terceira fase, num incaracterístico nono lugar.
 
No papel de espectador, Frederico assistiu no domingo à derrota do seu único rival, Tiago Pires, nos quartos de final, frente a um inspirado Eduardo Fernandes, vencedor da etapa anterior da Liga MOCHE. Para ultrapassar Morais na liderança do ranking nacional, “Saca” teria de vencer a derradeira etapa do ano, o que acabou por não acontecer.
“Ontem foi um heat muito frustrante, porque a falta de oportunidades foi imensa!...”, afirmou o novo campeão nacional de surf. “É claro que podia ter feito algumas coisas de forma diferente, mas o que mais se notou naquela bateria foi essa falta de oportunidades de mostrar surf. Para todos! É de facto muito frustrante perder para as condições do mar... mas quando perdi já sabia que nada iria depender de mim. No entanto, era o último a desejar que o Tiago perdesse, pois o que eu mais queria era um campeonato com boas ondas e bem disputado, o que infelizmente acabou por não acontecer... mas é como me disseram hoje – ‘Às vezes o nosso sucesso vem do fracasso dos outros’ – e hoje isso aconteceu! Não podia estar mais contente com o título, que era muito desejado, pois fui vice-campeão várias vezes. Por isso era um título que queria muito de volta! É bom termos a Liga MOCHE dentro dos nossos objectivos, o que só acontece porque há pessoas nas estruturas do surf nacional que conciliam estas etapas com o nosso calendário internacional, que é bastante intenso. Muito obrigado a todos e até para o ano!”, concluiu Frederico.
 
Realizado na íntegra na praia de Santo Amaro devido às condições tempestuosas em Carcavelos (o palco principal da prova), o último dia do Montepio Cascais Pro disputou-se em ondas de 1m a 1,5m, agitadas pelo vento forte que se fez sentir, obrigando os atletas a puxar pela preparação física.
 
Na final encontraram-se dois dos surfistas mais em forma ao longo de todo o evento, Vasco Ribeiro e Nicolau Von Rupp, respectivamente campeão mundial Pro Junior da World Surf League e vice-campeão mundial sénior da International Surfing Association, que protagonizaram uma bateria muitíssimo disputada, com pontuações elevadas para ambos os lados.
 
A diferença ficou por conta da primeira onda de Nicolau, de 9,25 pontos em 10 possíveis, graças a três manobras muito fortes de backside, que acabou por lhe garantir a vitória, com a maior pontuação total da prova – 17 pontos em 20 possíveis. Vasco, campeão nacional em 2011, 2012 e 2014, ainda respondeu com uma onda de 8,70, mas a sua segunda melhor onda não foi suficiente para bater a de Von Rupp, de 7,75 pontos, terminando assim esta etapa em segundo lugar, com um total de 15,20 pontos.
 
“É engraçado que esta manhã, quando chegámos à praia, embora todos preferíssemos entrar em Santo Amaro, alguns começaram a dizer que não gostavam muito da onda, outros que as condições não eram as melhores... e tanto eu como o Vasco estávamos muito à vontade. Acabámos por ir os dois à final, onde foi uma honra conseguir bater um surfista como ele! Estou muito satisfeito com esta vitória, pois sinto-me muito bem fisicamente, em forma, a surfar bem... e este ano, tirando o vice-título mundial da ISA, andei a perder de primeira quase em todas as provas em que entrei. Estava na altura de me correr bem alguma!”, afirmou o campeão da etapa, que fez aqui a sua segunda final consecutiva na Liga MOCHE 2015.
 
Além de ter batido Vasco Ribeiro nesta final, Nicolau ainda conseguiu “vingar-se” da derrota na final da quarta etapa, na “sua” Praia Grande, para Eduardo Fernandes. Os dois encontraram-se desta vez nas meias-finais, onde Von Rupp não deu hipóteses, deixando o campeão da etapa anterior no terceiro lugar, a par de outro dos surfistas mais em forma da prova, José Ferreira.
Eduardo foi o responsável pela eliminação de Tiago Pires nos quartos de final, num heat “morno” de pontuações, mas nem por isso menos disputado, ou não valesse um título nacional! Numa bateria com notas na casa dos 4 e 5 pontos, Fernandes acabou por fazer a diferença com uma onda de 7,25 pontos, obrigando o nosso surfista mais internacional a um quinto lugar no Montepio Cascais Pro, a par de Francisco Alves, Marlon Lipke e Filipe Jervis.
 
Com estes resultados (duas vitórias, um terceiro e um quinto lugares), Frederico Morais conquistou o seu segundo título nacional em três anos, deixando Tiago Pires com o vice-título, Vasco Ribeiro num terceiro lugar muito próximo de “Saca”, Nicolau Von Rupp no quarto posto e José Ferreira no quinto. Não por acaso, estes cinco surfistas são representantes nacionais no Top 100 mundial da World Surf League, com os restantes, Marlon Lipke, na sexta posição (empatado com Filipe Jervis), Tomás Fernandes em nono e Pedro Henrique em décimo terceiro.
 
No final desta etapa e de mais um ano de Liga MOCHE, Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas, foi peremptório ao afirmar que “esta foi a melhor Liga MOCHE de sempre no que toca a nível de surf, o que mostrou uma grande capacidade de superação entre todos os surfistas. A competitividade na luta pelos títulos foi elevadíssima e muito disputada até ao fim, por isso quero dar os parabéns a todos os surfistas e agradecer pelo enorme espectáculo que proporcionaram. Em particular, quero dar os parabéns aos dois campeões nacionais, com a muito jovem Teresa Bonvalot a mostrar todo o seu potencial para voos mais altos e Frederico Morais a confirmar o seu enorme talento, que espero ver concretizado em objectivos internacionais alcançados em breve. Não posso deixar de agradecer também a todos os parceiros da Liga MOCHE 2015, com quem já estamos em conversações para preparar o ano que vem, que esperamos melhor ainda”.
 
Neste Montepio Cascais Pro realizou-se também a Renault Expression Session, um espectáculo à parte em todas as etapas da Liga MOCHE, em que só a melhor manobra interessa para a vitória, sendo atribuídos 2.500€ anuais aos seus vencedores. Miguel Blanco foi o vencedor desta edição, graças a um aéreo reverse de backside.
 
Já o júnior Dylan Groen, de apenas 15 anos, conquistou igualmente ontem o Ramirez Junior Award, um troféu que premeia os melhores juniores da Liga MOCHE com 2.500€ anuais e que conta com objetivos intercalados ao longo das cinco etapas mas que, no caso específico de Cascais, teve o seu foco nos surfistas sub-18 masculinos.
 
O Montepio Cascais Pro foi a quinta e última etapa da Liga MOCHE 2015, circuito que distribuiu mais de 70.000€ de premiação aos surfistas ao longo do ano e que em 2016 promete estar de volta.
 
Todas as etapas da Liga MOCHE tiveram transmissão em direto no MEO Kanal 202020; pela internet, em www.liga.moche.pt; na app mobile Surf MOCHE, bem como na RTP e n’A Bola TV, através de resumos dedicados.
 
O Montepio Cascais Pro foi uma organização da Associação Nacional de Surfistas e da Fire!, com o patrocínio do MOCHE, Montepio, Allianz Seguros, Renault, Montepio, Ramirez, Red Bull, o apoio local da Câmara Municipal de Cascais e do Clube Recreativo e Cultural da Quinta dos Lombos, os parceiros oficiais RTP, GO-S.TV e Puro Feeling, bem como os media partners Mega Hits, A Bola, Surf Portugal, ONFIRE e Beachcam, contando também com o apoio técnico da Federação Portuguesa de Surf.