Fundação 'O Século' recebe donativo de empresário

A Fundação “O Século” recebe hoje 100 mil euros que um empresário decidiu doar depois de saber que aquela instituição não tinha dinheiro para fazer a tradicional colónia de férias.
“Não é todos os dias que se recebem donativos destes. É óbvio que estamos satisfeitos. Vamos cumprir aquilo a que nos comprometemos, que é fazer a colónia de férias, nos moldes em que foi criada”, disse à agência Lusa o presidente da instituição, Emanuel Martins.
Este ano já não vai a tempo, mas a colónia de férias de “O Século” regressa em 2013 com crianças de todo o país e em regime fechado (dormidas nas instalações da fundação), o que já não acontecia há dois anos por falta de verbas.
“É com grande prazer e satisfação que voltamos a realizar a colónia”, frisou Emanuel Martins.
Contactado pela Lusa, o benemérito Paulo Paiva dos Santos começou por dizer que decidiu dar o donativo “num impulso”.
“Uma colónia de férias que se realiza desde 1927 não pode morrer assim”, disse Paulo Paiva dos Santos, lamentando que em Portugal não seja cultivado o sentimento da solidariedade.
“Os empresários têm de se habituar, de uma vez por todas, que têm de ser solidários”, frisou.
Fundador de duas empresas na área farmacêutica, o benemérito fez questão de dizer que faz este donativo “a título pessoal e não como empresário”.
“É uma prática que tenho e decidi tornar esta pública para ver se motivo as empresas e os homens que têm dinheiro a serem mais solidários”, afirmou.
Sublinhando que foi “criado assim pelos pais”, Paulo Paiva dos Santos disse que “não é a grandeza do valor do donativo que importa, mas sim a atitude”.
“Não é preciso ter dinheiro, mas vontade de dar e de deixar de ser egoísta”, frisou.
A tradicional colónia de férias para crianças carenciadas promovida pela Fundação “O Século” não se realizou este ano devido a dificuldades financeiras.
Com exceção do período do pós 25 de Abril de 1974, quando a atividade esteve parada por motivos políticos, esta é a primeira vez que a Fundação não realiza a colónia de férias.
As dificuldades financeiras já se sentem há uns anos: a fundação chegou a acolher mil crianças entre os seis e os 12 anos de todo o país para a colónia de férias, mas o número foi sendo reduzido e, no ano passado, já só levaram à praia cerca de 200 e todas da zona da fundação para irem dormir a casa.
Criada em 1927 pelo jornal “O Século”, a Colónia Balnear Infantil, como era inicialmente chamada, proporcionou férias de verão a milhares de crianças portuguesas, muitas das quais nunca tinham sequer ido à praia.
Em 1943 a Colónia já tinha proporcionado férias a 31.123 crianças e o financiamento estava a tornar-se difícil, pelo que o seu administrador decidiu criar um financiador empresarial para a obra e pediu autorização para instalar em Lisboa uma feira internacional de amostras: nascia assim a Feira Popular, que passou a financiar as férias das crianças carenciadas.
A Fundação "O Século" foi criada em 1998 para prosseguir e desenvolver a obra social da Colónia Balnear Infantil.
Além da colónia de férias e do acolhimento de crianças em risco, a Fundação tem outras valências como uma creche, um pré-escolar, um ATL e assistência domiciliária a idosos.