Giro: A estreia de Sérgio Paulinho

Sérgio Paulinho está há 11 épocas no pelotão internacional, mas só este sábado, aos 35 anos, é que se vai estrear na Volta a Itália em bicicleta, um desafio que encara com entusiasmo e sem pensar no Tour.
 
“Sinto-me bastante entusiasmado. O Giro sempre foi uma corrida que eu gostava de fazer e este ano vou ter essa oportunidade e vou tentar disfrutar ao máximo”, reconheceu à agência Lusa.
 
Profissional desde 2002 e ‘estrangeiro’ desde 2005, o mais veterano dos ciclistas portugueses no pelotão internacional, que tem sete presenças no Tour e seis na Vuelta no currículo, foi quase apanhado de surpresa.
 
“Foi uma coisa mais recente. No princípio da época não tinha o Giro no meu calendário, mas, como este ano as coisas me têm estado a sair bastante bem e a condição é uma das melhores de sempre no início do ano, a equipa vai dar-me a oportunidade de fazer o Giro”, explicou, destacando o facto de o seu amigo e líder Alberto Contador lhe ter dado uma voto de confiança.
 
Gregário de luxo do espanhol desde ‘sempre’, Paulinho estará, de novo, lado a lado com o chefe de fila da Tinkoff-Saxo, procurando levá-lo à vitória final na Volta a Itália, prova que Contador conquistou em 2008 e que quer juntar este ano ao Tour, numa dobradinha que não acontece desde Marco Pantani em 1998.
 
“Eu vejo-o bastante bem. Quando estivemos agora no Teide [em Tenerife, Espanha] a treinar ele estava bastante moralizado, encontrava-se numa forma física boa. Não digo igual à do ano passado do Tour, mas semelhante. Por isso, penso que a forma dele ainda não é a melhor, porque falta o Tour, mas andará perto disso”, revelou.
 
O corredor da Tinkoff-Saxo já conheceu muitos rivais a Contador, não tendo, portanto, dificuldade em apontar os homens a vigiar na 98.ª edição da Volta a Itália: o colombiano Rigoberto Uran (Etixx-QuickStep), o italiano Fabio Aru (Astana) e, sobretudo, o australiano Richie Porte (Sky).
 
“A montanha acaba por ser a decisão do Giro. Um contrarrelógio de 60 quilómetros tem a sua parte essencial no Giro, mas penso que o Alberto estando bem não é o contrarrelógio que o irá prejudicar. Talvez a etapa que pode decidir o Giro será a do Mortirolo, que termina em Aprica. Para mim é a etapa mais dura deste ano”, analisou.
 
A ‘apoiá-lo’ na estreia no Giro, Paulinho terá o seu bom amigo André Cardoso (Cannondale-Garmin) e Fábio Silvestre (Trek).
 
“Somos três portugueses e muitas risadas iremos dar quando a corrida for mais tranquila. É sempre bom ter um outro ciclista que fale a mesma língua que tu para aliviar um pouco o ‘stress’, para falar de outras coisas”, assumiu.
 
Feliz com a primeira presença na ‘corsa rosa’, o corredor de Oeiras diz o que a Volta a França ainda é um tema a ponderar.
 
“Neste momento, para ser sincero, não me passa pela cabeça fazer o Tour, porque também não sei como irei acabar o Giro, devido aos meus problemas de alergias. Se terminar em condições, logo falarei com a equipa sobre o método de treino para estar ao melhor nível para o Tour”, concluiu.