A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 17 pessoas por suspeitas de ligação a uma rede internacional de furto, desmantelamento e envio de veículos para o continente africano, a qual operava sobretudo na Grande Lisboa, anunciou hoje a GNR.
A GNR explica, em comunicado, que a denominada operação ‘African Car’, realizada na segunda-feira pelo comando territorial de Lisboa, através do destacamento de Sintra, “foi o culminar de uma investigação de sete meses, que visava a prática do crime de furto qualificado de mais de 40 veículos ligeiros de mercadorias e ligeiros mistos”.
Os militares da GNR efetuaram 15 buscas domiciliárias, 16 não domiciliárias (cafés, lojas de peças, bares, oficinas, sucateiras) e cumpriram 21 mandados de busca a veículos, resultando nas 17 detenções, 14 das quais por furto qualificado, duas por permanência ilegal no território nacional e uma por posse de arma proibida.
“A área de ação dos suspeitos visava toda a Grande Lisboa, sendo pontualmente alargada para distritos periféricos como Santarém e Setúbal, onde furtavam os veículos que, depois de desmantelados, vendiam as suas peças em território nacional”, refere o comunicado da GNR.
Contudo, acrescenta a nota, “as partes mais valiosas, como o motor e as caixas de velocidades, eram enviadas para África, através de contentores, designadamente para Cabo Verde. O material considerado inútil ou sem valor comercial era depositado em sucateiras, para destruição, garantindo desta forma o lucro total em todas as partes dos veículos furtados”.
No decurso da operação, os militares da GNR apreenderam cerca de uma centena de chaves de automóvel, 47 documentos de identificação de veículo, oito veículos ligeiros, três motociclos, centenas de documentos, seis canhões de automóveis e cinco chapas de matrícula.
Foi ainda apreendido um cartão de segurança privada, 188 doses de haxixe, 17 computadores, 42 telemóveis, 31 cartões SIM, uma caçadeira de canos serrados, uma pistola 6.35 milímetros, 18 cartuchos, uma soqueira, um aerossol de defesa, dezenas de peças auto, ferramentas e autorrádios, cinco notas falsas de 20 euros e 1.734 euros em numerário.
O comunicado indica que foram aplicadas contraordenações no valor global de 232.000 euros, oito delas por incorreta gestão de resíduos, seis referentes a matéria de condições no trabalho, três por falta de licenciamento e uma para suspensão da atividade.
A GNR conta que se registou também um crime de maus tratos a animais de companhia, “tendo sido recuperados 34 canídeos, dois dos quais de raça potencialmente perigosa, todos eles entregues ao Gabinete Médico-Veterinário Municipal de Sintra”.
Os 17 detidos, a maioria com cadastro, relacionado com o mesmo tipo de crime, começaram hoje a ser presentes ao Tribunal da Comarca de Lisboa Oeste – Sintra, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação.
A operação ‘African Car’ envolveu 320 militares e civis, contando com o apoio da Polícia de Segurança Pública, Autoridade Tributária, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Autoridade para as Condições do Trabalho e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.